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Trump confirma que vai fechar a Usaid

Donald Trump confirmou nesta terça-feira, 4, que vai fechar a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). O anúncio veio um dia depois de o chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge), Elon Musk, comunicar a intenção de acabar com o órgão

O presidente norte-americano disse também que a Usaid está repleta de fraudes e que Musk está fazendo um bom trabalho.

Criada durante a Guerra Fria, a Usaid coordena e distribui todo o financiamento dos EUA para iniciativas ao redor do mundo, as quais incluem situações de conflitos ou emergências. Em 2024, a instituição respondeu por 42% de todas as ações classificadas como ajuda humanitária pela ONU.  

No entanto, investigações do governo Trump sobre a agência têm revelado o uso de recursos para financiar iniciativas ideologicamente direcionadas. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, informou que o governo Biden gastou US$ 1,64 milhão em iniciativas de “diversidade e inclusão” fora dos EUA.

“A Usaid é administrada por um bando de lunáticos radicais”, disse Trump no último domingo, 2. “E estamos tirando todos de lá.”

Elon Musk afirmou que a agência é um “ninho de vermes”, ao defender o fechamento da agência. “Temos de nos livrar de tudo, está além de qualquer conserto”, disse o bilionário durante uma transmissão de áudio ao vivo no Twitter/X. “Vamos fechá-la.”

No domingo, o governo Trump removeu dois integrantes de altos cargos de segurança da agência. Eles teriam tentado impedir representantes do Doge de acessar áreas restritas do prédio do órgão. “A Usaid é uma organização criminosa”, afirmou Musk depois do episódio. “É hora de acabar com ela.”

O site da Usaid também saiu do ar no fim de semana, e as contas do órgão nas redes sociais foram suspensas.

Na semana passada, Trump já havia ordenado o congelamento global na maioria dos fundos de ajuda externa dos EUA. Musk estima que o governo Trump pode reduzir o déficit dos EUA em US$ 1 trilhão no próximo ano.

O que é a Usaid

Idealizada pelo presidente John F. Kennedy durante a Guerra Fria, a Usaid surgiu para ampliar a presença dos EUA no mundo e combater a influência soviética. Em 1961, Kennedy assinou uma ordem executiva para estabelecer a instituição como uma agência independente — ou seja, não submetida a uma secretaria de governo, que responde diretamente ao presidente. 

A Nasa e a CIA também são agências independentes. Elas possuem mais autonomia em relação à Casa Branca para definir prioridades e manejar seus orçamentos, apesar de pertencerem ao braço Executivo do Estado.

Com mais de 10 mil funcionários, a Usaid é também o maior doador individual do mundo. Neste século, a agência disputa com o programa de ajuda externa da China, o Belt and Road.

No ano fiscal de 2023, os EUA destinaram um total de US$ 72 bilhões em ajuda para diversas áreas por meio da agência. As iniciativas financiadas incluem a promoção de saúde feminina em zonas de conflito, acesso à água potável, tratamentos para aids e segurança energética.  

Os EUA gastam, anualmente, menos de 1% do Orçamento em assistência estrangeira, valor proporcionalmente menor comparado a muitos países. Ainda assim, a maior economia do mundo é também o maior doador de ajuda humanitária do planeta. 

Apesar da relevância no financiamento de ações humanitárias, a Usaid nunca agiu de forma totalmente independente. A agência já atuou muitas vezes de forma controversa e já foi acusada inclusive de operar em colaboração com a CIA e na desestabilização de governos estrangeiros — o do Brasil incluído.

Em 2002, uma comissão do governo do Peru concluiu que a Usaid ajudou a financiar uma política de esterilizações forçadas de mulheres indígenas durante o governo de Alberto Fujimori, nos anos 1990.



Via Revista Oeste

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