sexta-feira, dezembro 20, 2024
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Trudeau enfrenta crise no Canadá com vitória de Trump

O primeiro-ministro Justin Trudeau assumiu o governo do Canadá em 2015, com a promessa de mudanças e “caminhos ensolarados” para o país. Quase uma década depois, uma nuvem sombria paira sobre sua administração.

Cada vez mais impopular, Trudeau sofreu com a renúncia de Chrystia Freeland, ministra das Finanças, na última terça-feira, 17. Ambos divergiram sobre como lidar com as ameaças tarifárias do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Freeland, considerada há tempos como uma potencial sucessora de Trudeau no governo canadense, declarou em sua carta de renúncia que ela e o primeiro-ministro estavam “em desacordo sobre o melhor caminho para o Canadá”.

Ela e Trudeau discordaram sobre uma isenção de imposto temporária e um subsídio de 250 dólares canadenses para a maioria dos trabalhadores, as quais Freeland chamou de “truque político caro”.

Em novembro deste ano, Trump disse que imporia uma taxa de 25% sobre todos os produtos que entrassem no país vindos do Canadá e do México, tarifa que prejudicaria significativamente a economia canadense. O país envia cerca de 75% de suas exportações totais para os EUA.

“As coisas que vendemos para os Estados Unidos são as coisas de que eles realmente precisam”, disse Freeland, depois do anúncio de Trump. “Vendemos petróleo, vendemos eletricidade, vendemos minerais e metais críticos.”

Estabilidade política do Canadá sob ameaça

A saída abrupta chocou os canadenses e ameaçou desestabilizar ainda mais o governo de um país conhecido por sua estabilidade e aumentou a pressão para que Trudeau renuncie ao cargo.

Embora tenha vencido as eleições gerais em 2019 e 2021, sua popularidade tem caído constantemente por causa de escândalos políticos, promessas não cumpridas e questões econômicas.

Sua derrocada se solidificou nos últimos meses, quando o Partido Liberal perdeu cadeiras em eleições suplementares e levou integrantes de seu partido a pedirem que ele se retire. Em sinal claro de sua impopularidade, mais canadenses enxergam Trump de forma mais positiva do que Trudeau — 26% a 23%, respectivamente.

Justin Trudeau Canadá
Primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau | Foto: Reprodução/Governo do Canadá

Em tom de brincadeira, Trump brincou que seria uma “ótima ideia” o Canadá se tornar o 51º Estado dos EUA. “Eles economizariam muito com impostos e proteção militar”, ironizou. Uma pesquisa do Instituto Leger mostra que 13% dos canadenses apoiam a decisão.

O presidente eleito sugeriu que a fusão das nações resolveria suas preocupações com o tráfico de fentanil e reduziria o fluxo de migração ilegal. Durante o comentário, Trump chamou Trudeau de “governador” do Canadá.

O progressismo do governo foi um dos fatores que derrubaram sua aprovação, segundo o investidor Leandro Ruschel. “Trudeau priorizou políticas cotistas DEI, ambientalismo radical e proteção a criminosos, além de implementar algumas das políticas repressivas mais agressivas contra opositores”, explica. “O socialismo globalista liderado por Trudeau provou ser um grande desastre.”

As próximas eleições federais do Canadá devem ser realizadas até outubro de 2025, mas podem ocorrer antes, caso Trudeau as convoque ou se os legisladores as solicitem. Pesquisas mostram que, se a eleição fosse hoje, o Partido Conservador de Pierre Poilievre venceria com ampla vantagem.

Surge uma figura conservadora

O conservador Pierre Poilievre, graduado em Relações Internacionais, é um dos políticos mais cotados para suceder Justin Trudeau no governo canadense. Defensor do livre-mercado, ele foi ministro no governo de Stephen Harper e foi eleito como parlamentar por sete mandatos consecutivos.

Nos últimos anos, Poilievre tem apontado que os aumentos acentuados representam um “imposto da inflação”, uma maneira disfarçada de os governos arrecadarem dinheiro ao aumentar os preços para a população. Hoje, mais da metade das famílias no Canadá dizem que trabalham apenas para se alimentar, segundo o político.

Ele também foi uma das primeiras vozes a se manifestar contra decretos anticientíficos e cerceamento de liberdades dos canadenses durante a pandemia de covid-19. Na época, Trudeau silenciou e prendeu milhares de manifestantes que protestavam contra lockdowns considerados ineficazes.

Em discurso no Parlamento canadense, na última terça-feira, 17, Poilievre criticou o aumento no custo de vida promovido pelo governo Trudeau. Ele revelou que existem dois tipos de cidadãos: os que sairão do país caso ele não vença e os que querem, mas não poderão fazer o mesmo. “Os impostos aumentaram, a conta de calefação aumentou, mas o salário não aumentou”, resume.

Estas últimas, segundo Poilievre, enxergam no conservadorismo a “última esperança” de terem suas vidas recuperadas economicamente. Em seguida, ele afirma que estes cidadãos foram enganados pelas promessas de boa qualidade de vida no Canadá.

“Não era nada extravagante, mas você teria uma casa com um jardim onde poderia ter filhos brincando com segurança, e um cachorro legal que poderia alimentar junto com os filhos, e seus filhos poderiam brincar tranquilos nas ruas”, explicou o político.

Sua proposta reside em transformar o país novamente em um lugar seguro, com bons salários e aluguel e alimentação acessíveis. Ele deseja, ao encerramento de seu discurso, que o Canadá volte a ter pessoas que “se orgulhem de levantar a bandeira” e saibam que “o governo é um servo, não um mestre”.



Via Revista Oeste

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