Ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, Anderson Torres respondeu durante cinco horas aos questionamentos da Polícia Federal (PF) no âmbito da investigação de um plano de golpe de Estado no Brasil.
Torres chegou às 14h25 à sede da PF nesta quinta-feira (22) e saiu às 19h25, acompanhado de seu advogado, Eumar Novacki.
Segundo fontes ligadas ao inquérito, Torres falou sobre três temas, principalmente:
- A reunião ministerial comandada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), em que um plano de golpe teria sido discutido;
- Uma suposta minuta com teor golpista encontrada no armário de sua casa;
- Sua viagem aos Estados Unidos, que aconteceu justamente na véspera do dia 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e vandalizadas.
Em relação à reunião ministerial, Torres respondeu que ele responde apenas pelas falas dele, e que não teria visto crime no que ele disse.
No encontro, que é um dos centros da investigação, Torres pediu empenho em questionamentos à lisura da votação e disse que o cenário era “ameaçador”: “Todos vão se f****, afirmou.
O vídeo da reunião foi apreendido pela Polícia Federal em um computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. O sigilo sobre o material foi retirado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A gravação é de uma reunião do primeiro escalão do governo ocorrida em 5 de julho de 2022, período pré-eleição. No encontro, Torres disse aos ministros que todos corriam risco caso o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições daquele ano.
“A gente precisa atuar agora, é isso o que eu tenho buscado fazer. Não estou desrespeitando o poder de nenhum, não estou querendo atropelar ninguém, mas precisa ter algum tipo de observação nisso”, afirmou.
No depoimento desta quinta-feira, Torres também disse que “delimitaria suas atitudes” e compareceu para “esclarecer todos os fatos’.
Sobre a suposta minuta com teor golpista encontrada no armário de Torres, ele argumentou que o documento “estava sendo distribuído” e circulava na internet. O ex-ministro também afirmou que não seria a mesma apresentada pelo assessor Filipe Martins a Bolsonaro, conforme informado por Mauro Cid na delação.
A PF também quis saber do ex-ministro sobre seu tempo à frente da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, em janeiro do ano passado. Torres viajou no dia 6 daquele mês, dois dias antes dos ataques antidemocráticos em Brasília.
Ele repetiu o que já disse em outras ocasiões, que estava com viagem de férias agendadas há bastante tempo e não participou de nenhum planejamento de ato golpista.
Torres se junta a Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e a Filipe Martins, ex-assessor internacional de Bolsonaro, que responderam às perguntas dos investigadores da PF. Bolsonaro, que também foi intimado e compareceu à sede da PF, ficou em silêncio.
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