O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento do Mensalão em 13 de março de 2014, depois de mais de oito anos de processo. Dos 38 réus, 24 foram condenados. Mais de dez anos depois, todos estão soltos.
Até 2021, os réus já haviam deixado o regime fechado. Alguns estavam em prisão domiciliar, mas a maioria teve a pena extinta, graças a decretos de indulto assinados pelos ex-presidentes Michel Temer e Dilma Rousseff.
Personagens envolvidos diretamente no esquema receberam do STF o benefício da anistia, incluindo o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado Roberto Jefferson, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha.
O jornalista Silvio Navarro afirma que o julgamento do Mensalão comprovou um dos maiores escândalos de corrupção da história. “Houve compra de votos no Parlamento”, afirmou, no programa Oeste Sem Filtro. “O ex-deputado Roberto Jefferson disse que o dinheiro chegava em espécie, em malas, trazido por Marcos Valério.”
Veja onde estão os principais condenados pelo Mensalão:

Ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu recebeu uma sentença de sete anos e 11 meses por corrupção ativa. Começou a cumprir a pena em regime fechado em novembro de 2013, mas migrou para prisão domiciliar cerca de um ano depois.
Em 2015, Dirceu acabou novamente detido na Operação Lava Jato, acusado de participação no esquema da Petrobras. As acusações incluíam corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e falsidade ideológica. Recebeu condenações que somavam mais de 30 anos.
Em 2024, o ministro Gilmar Mendes anulou todas essas sentenças com base em irregularidades nos processos conduzidos por Sergio Moro.

O ex-deputado recebeu condenação de mais de sete anos de prisão e multa por corrupção e lavagem de dinheiro. Detido em fevereiro de 2014, obteve progressão para o regime aberto em maio de 2015.
No fim do mesmo ano, Dilma Rousseff assinou um decreto que beneficiou Jefferson com o indulto natalino. Mais tarde, o ex-deputado acabou preso novamente. Hoje, cumpre prisão domiciliar.
O papel de Delúbio Soares no Mensalão

Ex-tesoureiro do PT, Delúbio pegou oito anos e 11 meses, mas foi absolvido da acusação de formação de quadrilha em 2014. Em março de 2016, teve sua pena perdoada com base em um decreto presidencial.
Também estava entre os denunciados na Lava Jato, mas todas as provas usadas contra Delúbio foram posteriormente anuladas.

Condenado por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, começou a cumprir a pena de nove anos no Presídio da Papuda. A punição acabou reduzida para seis anos e quatro meses.
Em 2016, João Paulo Cunha teve o benefício do indulto presidencial. Enquanto esteve preso, concluiu o curso de Direito.

Sentenciado a quase sete anos, Genoino chegou a tomar posse como deputado federal em janeiro de 2013, mesmo já condenado.
Foi preso em novembro daquele ano e teve parte da pena anulada posteriormente por decisão do STF, de modo que reduziu a condenação para quatro anos e 8 meses.
Em 2020, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região decretou a extinção da sua punibilidade por prescrição, ao acatar uma manifestação do Ministério Público Federal.
Valdemar Costa Neto

Líder do Partido Liberal (PL), recebeu condenação de sete anos e dez meses e preso em dezembro de 2013. Em 2014, obteve o direito de cumprir pena em casa.
No ano seguinte, Valdemar Costa Neto foi agraciado com o indulto de Natal e teve a pena perdoada em 2016 por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, com base em parecer da Procuradoria-Geral da República.

Ex-deputado, acabou sentenciado a mais de sete anos por corrupção e lavagem de dinheiro. Cumpriu parte da pena em regime semiaberto e, depois, em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.

Ex-diretor do Banco do Brasil, fugiu do país usando identidade falsa. Foi preso na Itália em fevereiro de 2014 e extraditado para o Brasil. A pena total somou 12 anos e sete meses por corrupção e lavagem de dinheiro. Depois de retornar, ficou preso em território nacional.

Apontado como o operador do esquema, Marcos Valério recebeu uma das penas mais duras: 37 anos de prisão. Passou seis anos no regime fechado.
Em 2019, teve direito à progressão para o semiaberto. Em 2020, durante a pandemia, obteve prisão domiciliar por pertencer ao grupo de risco da covid-19, benefício mantido mesmo com a oposição do Ministério Público.
Pedro Corrêa

Com condenação de mais de nove anos no Mensalão, Corrêa virou novamente alvo da Justiça na Lava Jato. Em 2015, recebeu a sentença de mais 20 anos por corrupção e lavagem de dinheiro, mas a sentença foi anulada.

Único entre os principais nomes a firmar acordo desde o começo, o ex-secretário do PT escapou da cadeia ao prestar 750 horas de serviços comunitários em três anos.