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testemunha dá detalhes do massacre nos Jogos

Na manhã de 5 de setembro de 1972, momentos de turbulência e silêncio envolveram o saguão do hotel das autoridades, em Munique. Lá estavam hospedados todos os membros do comitê olímpico e personalidades ligadas aos Jogos na cidade. O grupo terrorista palestino Setembro Negro invadira o local onde estava a delegação israelense.

A turbulência no saguão vinha das conversas entre a multidão que se espalhava nas dependências chocada com o ataque ocorrido naquela madrugada. O silêncio surgia quando, na TV, cenas do sequestro e de mortes eram mostradas ao mundo.

Tragédia depois da glória olímpica

Grupo terrorista Setembro Negro em 1972
Cenas do ataque terrorista do Setembro Negro chocaram o mundo | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

Quando Murray chegou ao saguão, os oito homens mascarados já haviam ingressado no alojamento da equipe israelense. O treinador Moshe Weinberg, de 33 anos, e o levantador de peso, Yossef Romano, já haviam sido mortos a tiros. Os terroristas estavam no piso do prédio de dois andares e já haviam feito nove reféns, todos membros da delegação de Israel.

Eles utilizaram o terror como uma forma de divulgar a causa palestina na ocasião. Eram revoltados contra os jordanianos, pela matança que ocorreu no país no ano anterior, em 17 de setembro, quando os palestinos foram expulsos pelo governo local. Daí no nome Setembro Negro.

“A certa altura eles, os membros da Comissão Executiva do COI se ofereceram para serem trocados pelos reféns israelenses”, conta Murray. “Naturalmente que os terroristas recusaram.”

No início da noite, dois helicópteros, exigidos pelos criminosos, levantaram voo da Vila Olímpica. O destino era o aeroporto local, para onde o grupo de oito terroristas levava os nove reféns.

Atiradores estavam posicionados, direcionados para o Boeing 727, que já tinha policiais disfarçados dentro. A missão dos atiradores, no entanto, foi abortada quando se suspeitou que a ação era suicida.

Os policiais, no entanto, chegaram a entrar no avião e a abrir fogo. Neste momento, os terroristas detonaram uma granada e explodiram o helicóptero, onde morreram quatro atletas.

Outros, foram mortos a tiros. No total, morreram 11 membros da delegação israelense. Cinco terroristas e um policial também morreram.

Os outros terroristas, foram presos, mas, em outubro seguinte, trocados por causa de um sequestro de avião da Lufthansa. Pousaram ovacionados na Líbia. Anos depois, morreram em operações do serviço secreto israelense, retratadas no filme Munich, dirigido por Steven Spielberg.

As cenas tornaram ainda mais forte a importância do esporte para aquele menino que começava a conhecer o lado cruel do ser humano.

“Assistimos pela televisão ao massacre que ocorreu no aeroporto de Munique”, lembra Murray.

O mundo, naquele momento, entrava em uma nova fase de conflitos, entremeada por iniciativas de paz, muitas delas por meio das competições esportivas.

“No dia seguinte, o culto ecumênico que aconteceu no estádio olímpico foi tocante”, afirma o advogado.

Para ele, a própria continuidade dos Jogos, decidida pelo COI, foi uma demonstração, válida para todos os tempos, de que a violência e o terror não prevaleceriam sobre a vida e a esperança.

“O presidente do COI, Avery Brundge, acertou ao não cancelar os Jogos Olímpico naquele momento.” afirma ele. “Esse foi o pior momento de toda a história olímpica.”

Dias antes, o nadador norte-americano Mark Spitz, de origem judaica, havia se consagrado ao ser o primeiro atleta a ganhar sete medalhas de ouro.

Spitz deixou a cidade mais cedo, por causa do massacre. A partir de então, a segurança dos Jogos nunca mais foi a mesma.

Por ele ser judeu, autoridades quiseram proteger Spitz. O viam como um alvo dos terroristas. Ele foi escoltado até Londres, pelo que se sabe, por fuzileiros norte-americanos.

Aqueles Jogos, para o nadador, foram os últimos. Com apenas 22 anos, Spitz se aposentou das competições depois da glória e do sofrimento em Munique.

Via Revista Oeste

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