Um detector de metais ajudou pesquisadores a descobrir um tesouro raro de quase três mil moedas romanas na Alemanha, fora dos limites históricos do Império Romano e longe de qualquer assentamento germânico conhecido da época.
A descoberta surpreendeu especialistas, que ainda não sabem como ou por que o tesouro foi parar naquela área.
O detectorista, devidamente licenciado, reportou a descoberta às autoridades arqueológicas de Koblenz, uma cidade às margens do rio Reno. Em escavações subsequentes, os arqueólogos encontraram aproximadamente 2.940 moedas, além de mais de 200 fragmentos de prata com desenhos geométricos, enterrados em um pote de cerâmica quebrado, escondido entre as rochas.
Timo Lang, chefe da seção de arqueologia de Koblenz, explicou ao site Live Science que a maioria das moedas são “antoninianas”, moedas de prata do século III, que na verdade eram compostas principalmente por bronze coberto por uma fina camada de prata.
Motivo para tesouro ter sido enterrado ainda é desconhecido
Até o momento, apenas 100 moedas foram identificadas. Elas retratam imperadores romanos ou gauleses, como Gordiano III (238 a 244) e Vitorino (269 a 271), e apresentam figuras como Hércules e Marte no verso. A cerâmica encontrada é típica das tradições romanas da época.
Os especialistas acreditam que o tesouro foi enterrado no início dos anos 270, com base nas datas das moedas, que vão de 241 a 271. O achado ocorreu na cordilheira de Westerwald, perto da cidade de Herschbach, a 18 km além do Limes Germânico Superior, uma antiga linha de defesa romana. Embora moedas romanas sejam comuns dentro das fronteiras do império, encontrar um tesouro tão grande fora de seus limites é extremamente raro.
Segundo Lang, tesouros fora do Império Romano normalmente consistem em algumas dezenas ou centenas de moedas, tornando este achado excepcional. A maioria das moedas foi cunhada em Colônia, uma cidade do então Império Gálico, que incluía partes da França, Bélgica, Espanha e Alemanha, separadas de Roma entre 260 e 274.
Ainda não está claro por que esse tesouro foi enterrado nas montanhas de Westerwald, onde não há registro de assentamentos germânicos. Uma hipótese é que as moedas foram usadas para subornar elites germânicas em troca de proteção ou para evitar ataques, mas o motivo exato do ocultamento permanece um mistério.
Os arqueólogos planejam usar tomografia computadorizada para analisar os fragmentos de prata e concluir a identificação do restante das moedas com a ajuda de outros especialistas.