Tesla força Hertz a abandonar elétricos; entenda

A diminuição nos preços dos elétricos da Tesla forçou a locadora de carros Hertz a se livrar de 20 mil unidades e voltar a investir em modelos a gasolina. Empresa relatou desvalorização nos carros da montadora de Elon Musk e uma demanda por elétricos menor do que o esperado, sem contar que os veículos se envolviam em mais acidentes.

Medida é considerada um retrocesso, já que a eletrificação surgiu como uma medida para frear as mudanças climáticas.

Tesla vs. Hertz

Conforme reportado pelo New York Times, a Hertz venderá cerca de um terço de sua frota de elétricos, equivalente a 20 mil veículos. Isso vem depois de um corte de preço de cerca de 30% nos modelos da Tesla — diminuindo consequentemente o valor dos usados.

Segundo Stephen Scherr, presidente-executivo da Hertz em entrevista ao jornal, os elétricos se tornam “antieconômicos”, sem contar que a demanda foi menor do que o esperado e que eles se envolvem em mais acidentes. Isso acontece em parte porque os elétricos aceleram mais rápido e são mais pesados, e muitos dos locatários não têm experiência em dirigi-los.

A empresa de locação voltará a investir em veículos movidos a gasolina.

Retrocesso

A Hertz foi uma das empresas que aderiu aos elétricos: em 2021, anunciou que compraria 100 mil Teslas como parte de um esforço para diversificar sua frota. No final, apenas parte desse número foi comprado. A locadora também oferece modelos da Kia, GM, Volkswagen e Polestar.

Scherr atribui a culpa desse retrocesso à Tesla, que fabrica quase metade de todos os elétricos vendidos nos EUA e tem grande peso no setor — peso este que não usou a favor das revendedoras na hora de reajustar os preços.

Além dos usados passarem a valer menos, a Hertz afirmou que a Tesla não estava tão disposta quanto outros montadoras a dar descontos em peças de reposição.

O que isso significa para os elétricos

• A decisão da Hertz de vender os elétricos e investir em modelos a gasolina endossa argumentos contrários à eletrificação.
• O senador republicano John Barrasso, do Wyoming, por exemplo, aproveitou o anúncio e disse ao Comitê de Energia e Recursos Naturais do Senado que a demanda por elétricos está estagnada e “isso é demais para a economia de Biden”.
• O argumento não é necessariamente verdade: segundo Jeremy Robb, diretor sênior de insights econômicos e industriais da Cox Automotive, as vendas de elétricos aumentaram 40% no último trimestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2023.
• Segundo Scherr, a Hertz não está abandonando os planos de eletrificação da frota, mas acredita que o mercado precisa se desenvolver mais.