Desde que o ser humano começou a raciocinar e a filosofar, questiona o Universo. Observações realizadas pelos antigos gregos já davam conta de que a Terra é redonda (apesar de isso ter sido contestado pela Igreja Católica no passado e nos dias atuais pelos terraplanistas).
Além disso, quem nunca viu as belas fotos de nosso planeta azul tiradas pelos astronautas direto do Espaço e pelos satélites? Mas aí está o “X” da questão: como tudo aqui parece ser plano, se a Terra é redonda?
Terra redonda vs. sensação de planeta plano: é tudo questão de perspectiva
É isso mesmo. Como explica a professora de geologia do Macalester College, Kelly MacGregor, ao Space.com, é tudo uma questão de perspectiva, afinal, somos seres bem pequenos que vivemos em uma esfera verdadeiramente grande.
- Um adulto médio tem entre 1,5 m a 2 m, enquanto as crianças são ainda menores;
- Agora, como exemplo, pense o seguinte: um acrobata de circo está em pé sobre uma bola com 1 m de largura. De cima dela, seria possível ver a bola se curvando para longe dos pés em todas as direções;
- Agora, pense em uma pequena mosca no lugar do acrobata. O ponto de vista dela seria de cerca de 1 mm acima da superfície. Como ela é bem menor que a bola e sua visão está próxima à superfície, ela não consegue ver a bola inteira;
- Por fim, vejamos nosso caso. A Terra tem 12,8 milhões de metros de largura, sendo que o ponto de vista de um adulto alto está a apenas cerca de 2 m acima de sua superfície;
- Ou seja, não tem como nossos olhos perceberem o tamanho da Terra esférica quando estamos de pé sobre ela;
- Isso é impossível de se perceber mesmo se você estivesse no topo do Monte Everest, que está a 8.850 m acima do nível do mar.
Portanto, a única forma de vermos a curva da Terra é voar a mais de 10 km acima de superfície. Isso se dá, pois o comprimento do horizonte que vemos depende da altura que estamos em relação à superfície terrestre.
Quando estamos de pé, no chão, e sem nada bloqueando nossa visão, somos capazes de ver cerca de 4,8 km do horizonte. Esse valor não é circunferência terrestre suficiente para vermos o início da curvatura do horizonte. Ou seja, assim como a mosca na bola de circo, somos incapazes de ver o suficiente da borda onde a Terra encontra o céu.
Logo, só mesmo se formos um astronauta ou se estivermos em um satélite para vermos. Contudo, grandes aviões comerciais também conseguem voar alto o bastante para dar uma ideia da curvatura de nosso planeta a seus passageiros, apesar de que essa visão é melhor para quem está na cabine do piloto.
Atenção: nosso planeta não é exatamente esférica
No Espaço, é possível perceber uma peculiaridade de nosso planeta: ele não é perfeitamente redondo. Na verdade, a Terra é classificada como um esferoide ligeiramente oblato, ou elipsoide.
O que isso significa? Significa que ela é um pouco mais larga do que alta em torno do equador, algo parecido com uma esfera na qual alguém sentou e esmagou um pouco.
Esse efeito é causado pela rotação da Terra, que cria a força centrífuga (o equivalente à mesma força que faria você voar de um carrossel caso não se segurasse). Tal força causa leve protuberância na cintura de nosso planeta.
E não é só isso que causa esse efeito: as características topográficas em sua superfícies, como montanhas e fossas profundas, também distorcem a forma da Terra, causando pequenas variações na força do campo gravitacional do planeta.
A professora destaca ainda que a ciência da Terra possui um ramo chamado geodésia, que estuda o formato de nosso planeta e como ele está posicionado no Espaço.
Esse ramo é responsável por informar de tudo, desde a construção de esgotos e a elaboração de mapas precisos da elevação do nível marítimo, até o lançamento e rastreamento de espaçonaves.
“É uma área importante da pesquisa científica atual e um lembrete de que ainda estamos aprendendo sobre este planeta incrível que chamamos de lar”, pontua MacGregor.
