quarta-feira, dezembro 4, 2024
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Tensão entre EUA e Rússia ressuscita medo de guerra nuclear no espaço

Os Estados Unidos alegaram, no começo de 2024, que a Rússia estaria desenvolvendo uma arma antissatélite (e possivelmente nuclear). O presidente russo Vladimir Putin negou. Mas aí o país vetou a proposta de reforçar o tratado que proíbe o uso de armas nucleares no espaço. E lançou um satélite militar. Com a escalada da tensão, voltou o medo de uma guerra nuclear nas estrelas.

O uso de armas nucleares no espaço, a depender das condições, afetaria tanto aliados quanto inimigos. Isso torna o custo político e estratégico de puxar o gatilho neste tipo de arma elevado. E desincentiva ações indiscriminadas. Pelo menos, em tese.

A escalada da tensão entre EUA e Rússia – no quesito “uso de armas nucleares no espaço” – foi, resumidamente, assim:

  • Em fevereiro, Michael Turner, presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes dos EUA, alertou sobre uma “séria ameaça à segurança nacional” relacionada ao desenvolvimento de uma arma antissatélite pela Rússia, possivelmente com capacidade nuclear;
  • Ainda em fevereiro, Putin negou as alegações, declarou-se contra o uso de armas nucleares no espaço e pediu a ratificação dos tratados de proibição existentes;
  • Em abril, a Rússia vetou uma proposta de Japão e EUA no Conselho de Segurança da ONU para reforçar a validade do tratado de proibição de armas nucleares no espaço;
  • Em maio, a Rússia lançou o satélite militar Kosmos 2576, cuja órbita sugere ser um protótipo de dispositivo antissatélite, embora sem carga nuclear.

Armas nucleares no espaço

Usar armas nucleares no espaço causaria danos tanto em aliados quanto inimigos (Imagem: greenbutterfly/Shutterstock)

Uma detonação nuclear a 200 km de altitude causaria destruição em massa aos satélites, comprometendo serviços civis e militares, como comunicações, GPS e internet, além de afetar severamente operações financeiras. É o que projeta uma reportagem do El País.

A explosão geraria auroras artificiais intensas para quem estivesse na zona noturna, enquanto na zona próxima ao epicentro, o clarão e os raios X causariam danos devastadores. Daí os danos causados tanto em aliados quanto inimigos – seja em solo ou no espaço – citados no começo desta matéria.

Como alternativa, sugere-se o desenvolvimento de satélites capazes de emitir pulsos eletromagnéticos controlados. Esses pulsos desativariam satélites inimigos de forma localizada e sem necessidade de explosões nucleares.

Ilustração de satélites no espaço
Satélite capaz de disparar pulsos eletromagnéticos precisaria ter reator nuclear (Imagem: Frame Stock Footage/Shutterstock)

No entanto, um satélite com pulsos eletromagnéticos exigiria um reator nuclear para alimentar a tecnologia. E o Kosmos 2576 pode estar associado a tais experimentos. Mas não há evidências de que há material nuclear a bordo.

Além disso, Rússia, China e EUA já operam satélites “inspetores” e naves robóticas que realizam aproximações controladas e missões de longa duração – provavelmente testando novas capacidades. A ver quem vai puxar o gatilho primeiro.

Via Olhar Digital

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