sexta-feira, novembro 22, 2024
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Técnico de enfermagem é morto por colega indígena em Roraima

O técnico de enfermagem Vilson da Silva Souza, 27 anos, foi morto dentro de uma unidade básica de saúde com uma flechada na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O crime ocorreu no último sábado, 9, depois de uma discussão com um colega indígena na comunidade Maraxiú, localizada na base Hakoma.

Vilson também era indígena, mas do povo Macuxi, da comunidade Enseada em Uiramutã, e atuava no território ianomâmi havia cerca de um ano.

O Ministério da Saúde confirmou que o autor do flechada é um agente de saúde indígena e informou que ele será desligado de suas funções na unidade de saúde indígena. O Conselho Federal de Enfermagem divulgou nota de pesar pela morte do agente de saúde.

Depois do incidente, a Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde recomendou a retirada da equipe que trabalhava na região, com acompanhamento da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Essa decisão tem o objetivo de garantir a segurança dos profissionais e a continuidade dos serviços de saúde na área.

O motivo do crime no território indígena

A presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Serviços de Saúde de Roraima, Joana Gouveia, disse que a disputa começou quando Vilson tentou carregar seu celular, removendo o do colega indígena da tomada.

“O relato que recebemos da denúncia é de que o indígena estava com o celular carregando na unidade e o Vilson tirou o celular para carregar o dele. Foi aí que a confusão começou. Ele lançou a flecha com a intenção de matar. Foi um golpe certeiro, abaixo da axila, atingindo o pulmão e o coração”, contou Joana.

Além de Vilson, outros quatro profissionais de saúde estavam presentes na unidade no momento do crime, incluindo um médico, uma enfermeira, outro técnico em enfermagem e uma técnica em laboratório.

terra ianomâmi | A oposição tem pressionado o governo Lula e o Ministério dos Povos Indígenas por uma resolução na crise entre os ianomâmis | Foto: Nacho Doce/Agência Brasil
Área da Terra Indígena Yanomami | Foto: Nacho Doce/Agência Brasil

O caso está sendo acompanhado de perto pelas autoridades de saúde e pela Funai, que buscam esclarecer todos os detalhes do crime e tomar medidas necessárias para evitar novos conflitos na região.

Depois de ferido, Vilson foi transportado de helicóptero para a unidade de saúde de Surucucu, referência em atendimento na região, mas não resistiu aos ferimentos durante o trajeto.

O corpo de Vilson foi removido da Terra Yanomami em uma aeronave e chegou a Boa Vista por volta das 14h30, onde foi recebido por representantes sindicais e familiares.

Nota do Ministério da Saúde

“O Ministério da Saúde determinou o desligamento do agente indígena de saúde do cargo na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) da Aldeia Maraxiú. Ele foi acusado de matar um técnico de enfermagem, de 27 anos.

Além disso, a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) recomendou a retirada da equipe que atuava no território, movimento que é acompanhado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Uma equipe de profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami presta apoio à família da vítima.

Nota de pesar do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) lamenta profundamente a morte do técnico de Enfermagem Vilson Souza, que nos deixou aos 27 anos, neste sábado, enquanto trabalhava na comunidade Maraxi-u, na aldeia de Surucucu, terra Yanomami do Estado de Roraima.

O Cofen se solidariza com seus amigos e familiares neste momento de dor e assevera que cumprirá sua função de exigir melhores condições de trabalho aos profissionais que cumprem sua função de levar atendimento às comunidades indígenas de todo o país.

Contataremos o Ministério da Saúde e o Ministério da Justiça no sentido de requerer medidas para garantir segurança e condições dignas de trabalho para os profissionais de saúde que atuam na área e que levam atendimento básico às comunidades dos povos originários deste país. Não podemos mais conviver com tanta vulnerabilidade e abandono nestes locais.

Via Revista Oeste

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