O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu dois processos para investigar gastos públicos relacionados ao Festival Contra Fome e a Pobreza, apelidado de “Janjapalooza”, impulsionado pela primeira-dama, Janja da Silva.
O TCU atendeu a pedidos dos deputados federais Ubiratan Sanderson (PL-RS) e Gustavo Gayer (PL-GO).
O pedido de Sanderson vai ter relatoria do ministro Jorge Oliveira, e o segundo processo será relatado pelo ministro Walton Alencar Rodrigues.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, ainda não há decisão do tribunal nos processos. Como os dois procedimentos tratam do mesmo tema, é provável que sejam unificados e tramitem com apenas um gabinete.
O festival ocorreu entre a última quinta-feira, 14, e último sábado, 16, na região do Pier Mauá, na cidade do Rio de Janeiro, como parte da programação do G20.
No pedido encaminhado ao TCU, Sanderson argumenta que o uso de recursos públicos em um evento, em um contexto de crise econômica no país, é incompatível com os princípios de legalidade que regem a administração pública, conforme noticiou Oeste.
O Aliança Global Festival Contra Fome e a Pobreza teve o patrocínio de empresas estatais, como Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal, Itaipu e Petrobras.
Além do festival da Aliança, houve recursos das estatais para o financiamento da cúpula de líderes, realizada entre segunda e terça-feira, e o encontro com a sociedade civil que ocorreu poucos dias antes.
Apoiaram ainda o evento a Prefeitura do Rio, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Governo justificou realização do “Janjapalooza”
O governo Lula disse que a ideia do festival era inspirada em “concertos internacionais, como o Live Aid 1985 e o Free Nelson Mandela Concert 1988, ambos em Londres, na Inglaterra”.
Janja foi a mestre de cerimônias do festival. A intenção, de acordo com a organização, foi promover engajamento e discussão sobre o combate à fome no mundo.
Em seu discurso, ela ofendeu Elon Musk, o que rendeu repercussão negativa internacional. Os maiores jornais do mundo destacaram o fato de a primeira-dama brasileira ter falado um palavrão para o dono do Twitter/X e da Tesla. Deputados fizeram críticas a Janja e querem informações do governo sobre a declaração.
O apelido do festival foi dado em referência ao Lollapalooza, mas a primeira-dama demonstrou irritação na sexta (15), quando uma pessoa na plateia gritou “Janjapalooza” no momento em que ela fazia um comentário sobre os shows, durante evento do G20 Social.
“Não, filha, é Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, vamos ver se consegue entender a mensagem”, disse.