quinta-feira, novembro 21, 2024
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Taormina é joia siciliana repleta de história e de cenários pitorescos

Digo que viajar para a Itália é quase um estado de espírito. Seus destinos englobam tanta história preservada e boa gastronomia que sempre ficamos com um gostinho de “quero mais”. Taormina é exemplo disso: a cidade abrange muita sofisticação e cultura, características que são equilibradas com intensas doses de alegria. É espetacular.

Após percorrer os encantos de Palermo, Cefalù e Siracusa para a 7ª temporada do CNN Viagem & Gastronomia, minha despedida da Sicília se deu nesta que é uma das localidades mais visitadas da ilha italiana. O interesse em Taormina aumentou muito com a série “The White Lotus”, que impulsionou o turismo cinematográfico na região, mas a cidade atrai visitantes desde o século 19 – e é fácil entender o porquê.

Joia do Mediterrâneo, ela exerce uma força impressionante em quem a visita, seja por suas ruelas com restaurantes e lojinhas que são verdadeiros achados, por suas paisagens rodeadas por construções históricas, hotéis dignos de filmes ou ainda por descobertas nos arredores do Etna, o vulcão ativo mais alto da Europa.

Assim, deixo a Sicília muito mais apaixonada do que quando cheguei. Com as dicas abaixo do que fazer e onde comer, te conto um pouco mais sobre as maravilhas de Taormina:

Passeios em Taormina

É possível conhecer Taormina e arredores em poucos dias, mas a minha dica é sempre desacelerar o passo e curtir o dolce far niente italiano. Além do charme siciliano e das águas azuis, estar aqui é se deparar com monumentos históricos, vestígios de outros povos e ruas cheias de restaurantes, lojinhas e cantinhos para tomar gelato.

A principal via de Taormina é a Corso Umberto, que vai se ramificando. A Piazza IX Aprile é um dos cartões-postais e se abre para uma praça que é como um terraço com vistas panorâmicas para a baía de Taormina e para o Etna. A praça ainda é lar de igrejas e de restaurantes.

Pertinho daqui fica o Vicolo Stretto, um beco extremamente estreito que tem uma portinha que se abre para um restaurante. Entre outros marcos estão o Palazzo Corvaja, palácio medieval construído principalmente no século 14 e que recebe o nome por conta de uma das famílias mais conhecidas de Taormina, assim como a Villa Comunale, jardim público no estilo inglês com vista para o mar.

Outro ponto é a Piazza Duomo, que guarda o Duomo di Taormina, também chamada de Catedral de São Nicholas, logo em frente a uma fonte. No geral, a sensação é que estamos em um museu a céu aberto.

Isso fica ainda mais evidente no Teatro Antigo, joia construída pelos gregos em 3 antes de Cristo. Aqui entendemos como foi a evolução do espaço, que foi palco da tragédia grega e, depois, para a ação dos gladiadores romanos. Blocos originais dos tempos gregos podem ser vistos nas primeiras fileiras da arquibancada, mas todo o resto é resquício romano.

Ao contrário dos gregos, a história nos diz que os romanos apostavam na ação, incluindo animais. Por isso há um paredão que fecha o teatro na saída para a cidade, uma vez que não eles queriam evitar que os animais, como leões, saíssem perambulando por aí. Hoje, a visita no local sai por cerca de 14 € e concertos e espetáculos ocorrem aqui periodicamente.

Um passeio ao mar também é imprescindível, já que é uma maneira de olharmos Taormina por uma nova perspectiva. Diferentes embarcações partem daqui em direção a Gruta Azul, onde a luz solar entra debaixo da pedra e forma uma imagem pitoresca. A Caverna do Coral também é uma das mais visitadas: os corais vermelhos debaixo da pedra resultam em um belo cenário. No final, dê um mergulho nestas águas azuis e refrescantes.

A partir da cidade, com ajuda de um bondinho, também é possível descer na Isola Bella, um dos cartões-postais da região. Como o nome diz, é uma ilhota ligada ao continente por uma estreita faixa de areia que aparece durante a maré baixa. É um local para lá de cinematográfico e a praia logo em frente pode ser curtida por meio de aluguel de cadeiras e guarda-sol.

Hotel centenário e restaurantes pela cidade

Uma viagem a Taormina merece uma estadia em grande estilo. A hotelaria da cidade tem belos exemplos de construções históricas que dão lugar a hotéis requintados, incluindo o Belmond Grand Hotel Timeo, que acabou de celebrar seus 150 anos. Primeiro grande hotel de Taormina, ele consegue evocar o glamour do passado ao mesmo tempo que carrega um charme contemporâneo.

Espalhado por terraços e jardins, o hotel tem vistas para o mar e para o Monte Etna, nos convidando ao descanso. Uma de suas melhores qualidades está na localização, já que fica literalmente na frente do Teatro Antigo, quase o tendo como quintal. Seu bar e restaurante são ideais para drinques e comidas caprichadas, principalmente no pôr do sol, e o spa oferece tratamentos relaxantes, com salas que incluem janelas que enquadram perfeitamente a vegetação ao redor.

Fora do hotel, a cidade também está recheada de bons restaurantes – são tantos locais deliciosos que não cabem em uma única viagem. A começar, uma das comidas típicas daqui é o arancini, mas em formato de coxinha, como o da Rosticceria da Cristina. É para comer em várias bocadas!

O cannolo é outra, e talvez a mais famosa, das receitas locais sicilianas. Comê-lo é imprescindível em uma viagem para cá, logo a dica é passar no Laboratorio Pasticceria Roberto, local tradicional que faz fila na porta por conta de seus doces imperdíveis. Quem comanda o endereço é Roberto Chemi, que abriu a loja com o avô há 43 anos e, desde então, serviu personalidades como Bill Clinton e a Rainha Elizabeth.

Entre os restaurantes, a Trattoria Tiramisu Mimmo & Son é daqueles endereços de mesas disputadas, melhor garantidas por meio de reserva. Aqui comi um penette com pancetta, pomodoro, parmigiano reggiano e peperoni de comer rezando, um prato que traduz bem a Sicília. Para arrematar, não há erro com o tiramisù.

Reserve uma noite também para drinques no Morgana, bar que se empenha em nos surpreender. Isso porque a decoração muda anualmente e os drinques são sempre interessantes, desde o cardápio até a pegada moderna dos goles, bem acompanhados por aperitivos da casa.

Para finalizar a noite, siga para o Nunziatina, restaurante do mesmo grupo do Morgana que nos oferece uma gastronomia que, além de sofisticada, é despretensiosa e cheia de sabor – um retrato do que tem acontecido na Sicília. À mesa, chegam releituras de pratos típicos com sabores surpreendentes, e o visual não fica para trás, já que a varanda externa fica de costas para um convento.

A força do Etna

Taormina também serve como uma boa base para explorar o Monte Etna, vulcão ativo e o mais alto de toda a Europa. Ele é enorme e pode ser acessado através de vários pontos, assim como são diversas as atividades oferecidas em seus arredores, entre hiking e caminhada. Porém, escolhi um passeio de 4×4 para percorrer a região de maneira diferente e, mais tarde, fiz uma parada em uma vinícola.

Ao lado de Guglielmo Fiorista, guia e fundador do Etna Unlimited, desbravei um lado mais selvagem e menos turístico do vulcão, em que chegamos aos pés das lavas mais recentes, que datam de 2002. “Você tem que imaginar que a nossa lava é uma das mais lentas do mundo. A velocidade média é de 3 km/h. Então é uma lava bem siciliana”, brinca o guia.

Juntos chegamos até o ponto de parada da última grande erupção, em que conseguimos ver de perto as primeiras manifestações de vida depois da destruição, como o nascimento de líquens. Existem mais de mil sensores ao redor do Etna que registram pequenos tremores, já que o vulcão “inspira e expira” cerca de 25 vezes por dia. “Ele é definitivamente vivo”, garante Guglielmo.

Uma vez no Etna, não perca seus vinhos. Uma das vinícolas da região é a Tenuta Delle Terre Nere, em Randazzo. O dono, Marco de Grazia, veio para a Sicília sem nenhuma pretensão e se apaixonou pelos vinhos de pequenos produtores. Decidiu então fazer uma casa aqui e cultivar uvas para vinhos. A aposta deu certo e ele ajudou a popularizar a região na produção vinícola.

“A diferença dos vinhos sicilianos para os vinhos do Etna está no vulcão. Os solos mudam. A cada fluxo de lava se cria um novo solo, um solo diferente. Às vezes, em 100 metros de distância você tem dois solos completamente diferentes. Então fazemos vinhos pelo solo. É a mesma varietal, mas a cada solo fazemos um vinho diferente”, explica Marco.

A vinícola fica na encosta norte do Etna e tem cerca de 45 hectares divididos em 29 parcelas, em que aceita reservas para visitas e degustações durante os dias da semana. Com taças em mãos, é só aproveitar os bons vinhos e as belas paisagens.

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Via CNN

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