O número de pessoas com acesso à internet no Brasil corresponde a 75% da população. No entanto, cerca de 80% das empresas brasileiras ainda não tem infraestrutura digital adequada. Quem traz esse dado é a Yasodara Córdova, pesquisadora brasileira, cuja palestra teve lotação máxima no South by Southwest, o SXSW 2024, em Austin, no Texas (EUA).
O principal destaque do painel foi a importância de garantir a segurança de dados, no mundo depois da inteligência artificial.
“Essas inteligências generativas tiveram uma grande projeção no ano passado, aí todo mundo ficou falando, mas são tecnologias velhas. As preocupações, porém, são as mesmas: privacidade, segurança dos dados, responsabilização das empresas, transparência”, afirma.
A pesquisadora afirma que o próprio uso de dados de maneira negativa não é uma novidade.
“Historicamente, na humanidade, a gente tem casos em que dados foram utilizados para perseguir pessoas e minorias. Então, sempre temos que ter isso em mente quando a gente pensa nessa quantidade de dados sendo analisados à revelia da permissão das pessoas”, explica. Para ela, o ecossistema da tecnologia precisa amadurecer muito ainda. “Por isso que é necessário investimento em pesquisa e insistir nesses princípios de privacidade e segurança, para que a gente possa construir um sistema mais maduro”.
Yasodara, que também lidera a área de segurança de dados da Unico IDtech, uma start-up que trabalha com identificação digital, avalia que ainda há um longo caminho pela frente. “Os governos estão aí para poder fazer exatamente o que têm feito: regular, dar multa e melhorar o ambiente, melhorar o ecossistema. Temos regulações, estamos caminhando, mas muito mais devagar do que a gente gostaria para resolver esses anseios”, completa.
A responsabilização das empresas que atuam no meio digital é parte fundamental desse processo. “A partir do momento que a gente começar a endereçar a responsabilidade, a gente vai começar a fazer um pouco as pazes com essa tecnologia, porque ela é interessante. Ela pode nos ajudar a melhorar a vida de muitas pessoas. Mas a gente precisa manter isso num lugar seguro”.
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