Conforme noticiado pelo Olhar Digital, entre esta terça (17) e quarta-feira (18), acontecerá um eclipse lunar parcial. Desta vez, o espetáculo conta com um toque de charme adicional, já que a protagonista da noite será uma Superlua. Você vai entender o porquê.
Mas, antes disso, vamos conhecer a dinâmica desse grande evento, que será visível por praticamente metade do mundo – incluindo todo o território brasileiro.
O que é um eclipse lunar parcial:
- Um eclipse lunar acontece quando a Lua passa pela sombra da Terra, o que ocorre quando ambas estão alinhadas com o Sol;
- Com o planeta localizado entre o satélite e a estrela, sua sombra pode ser projetada sobre a superfície lunar de forma total ou parcial;
- Dependendo dessa projeção, o eclipse pode ser classificado como total, parcial ou penumbral.
Em algumas regiões do planeta, o eclipse poderá ser visto do início ao fim, enquanto outras verão apenas parte dele, dependendo do horário em que a Lua nascer ou se pôr em cada localidade.
Conforme podemos verificar no mapa abaixo, as regiões que poderão contemplar o eclipse completo incluem partes do oeste da África e Europa, sul e leste da América do Norte, toda a América do Sul e partes da Antártida. O evento será parcialmente visível em uma vasta área que abrange Europa, África, América do Norte e do Sul, boa parte da Ásia, além dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, e ainda áreas do Ártico e Antártica.
Confira o cronograma do eclipse lunar (pelo horário de Brasília):
- 17/09: Início do eclipse penumbral às 21h41;
- 17/09: Início do eclipse parcial às 23h12;
- 17/09: Eclipse parcial atinge o ápice às 23h44;
- 18/09: Fim do eclipse parcial à 00h15;
- 18/09: Fim do eclipse penumbral à 1h47.
A duração total do eclipse será de quatro horas e seis minutos, com a fase parcial durando uma hora e três minutos.
De acordo com a plataforma de observação astronômica Starwalk Space, durante o evento, apenas 3,5% da Lua parecerá escurecida, como se um pequeno pedaço tivesse sido arrancado. A maior parte do eclipse será penumbral, ou seja, o disco lunar escurecerá levemente ao passar pela sombra penumbral da Terra, enquanto um “mordisco” escurecido aparecerá em uma borda da Lua ao atravessar a sombra umbral.
Quando a Lua se posiciona totalmente na umbra, ocorre um eclipse lunar total. Já quando somente uma parte dela se encontra na umbra e a outra parte na penumbra, isso caracteriza um eclipse lunar parcial.
No caso do evento desta noite, a Lua estará totalmente imersa na penumbra, portanto, será um eclipse lunar penumbral. Mas, diferentemente dos outros dois tipos, este é um evento extremamente sutil de ser observado.
A simulação abaixo mostra a trajetória da Lua em relação à sombra da Terra. O círculo acinzentado externo é a penumbra da Terra, dentro da qual o planeta bloqueia parte da luz do Sol, fazendo com que a Lua pareça menos brilhante do que o normal, mas não completamente escura. O círculo preto interno é a umbra, dentro da qual a Terra bloqueia totalmente a luz do Sol, e onde o disco da Lua apareceria totalmente sem iluminação.
O painel inferior mostra a posição da Lua no céu em relação ao horizonte, como visto por um observador localizado na cidade de São Paulo.
Saturno estará brilhando próximo à Lua durante o eclipse, oferecendo um espetáculo a mais no céu noturno – em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica, que acontece quando dois corpos celestes compartilham a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre). Saiba mais aqui.
A lua cheia de setembro deste ano é considerada uma “Superlua”. De forma bem simples e resumida, uma Superlua ocorre quando o nosso satélite natural chega à fase completa em até 24 horas antes ou depois de atingir sua aproximação máxima com a Terra (ponto chamado de perigeu).
“Mas, sem saber o quão perto a lua cheia precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela lua cheia é uma Superlua”, explica o colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, que é presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).
Segundo Zurita, até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com ele vir da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.
Talvez por isso a União Astronômica Internacional (IAU) não demonstrou, até hoje, nenhum interesse em normatizar o termo. “Tudo que temos são as definições informais para a Superlua”, disse Zurita, explicando que, no meio científico, os astrônomos preferem a referência “perigeu-sizígia” ou simplesmente “Lua Cheia no Perigeu”.
A distância da Lua em relação à Terra varia porque sua órbita não é perfeitamente circular – é ligeiramente oval, traçando um caminho chamado uma elipse. À medida que ela atravessa esse caminho elíptico ao redor do nosso planeta a cada mês, sua distância varia entre 356.500 km no perigeu e 406.700 km no apogeu (ponto mais distante).
Seguindo o conceito acima, a Lua precisa entrar na fase cheia em até 24 horas antes ou depois de chegar ao perigeu, certo? Neste ano, isso vai acontecer em setembro e em outubro. No caso deste mês, a fase cheia se inicia às 23h34 (horário de Brasília) de segunda-feira, com o perigeu lunar sendo alcançado, por sua vez, às 10h22 da terça.