Na terça-feira 28, o governo sueco anunciou a interrupção das negociações para enviar caças Gripen à Ucrânia, com o objetivo de fortalecer o esforço de guerra do país contra a Rússia.
O ministro da Defesa da Suécia, Pal Jonson, informou à agência de notícias TT que foi “aconselhado” por outros países da coalizão de apoio a Kiev a adiar o envio do sistema Gripen, para priorizar a introdução do caça norte-americano F-16, que está sendo substituído pelo F-35 em diversos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
No mesmo dia, durante a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a Bruxelas, a Bélgica comprometeu-se a doar 30 aviões F-16 à Ucrânia, como parte de um pacote de ajuda de R$ 5,6 bilhões por um ano.
As negociações para o envio dos Gripen suecos começaram em setembro de 2023 e contemplaram a possibilidade de doar pelo menos 18 dos 96 caças modelo C/D. Analistas destacaram que a limitada disponibilidade desses caças poderia representar um risco de segurança para a Suécia.
A negociação dos Gripen também foi utilizada pela Suécia para pressionar sua entrada na Otan, que foi temporariamente bloqueada pela Turquia e pela Hungria. Depois da admissão na aliança, no início deste ano, Estocolmo conseguiu vender o modelo para Budapeste.
A adoção dos caças Gripen e F-16 implicaria um treinamento extenso para os pilotos. Apenas o modelo norte-americano está amplamente disponível. Além da Bélgica, Dinamarca e Holanda, membros da Otan, também prometeram enviar caças à Ucrânia.
Desafios enfrentados pela Ucrânia e políticas de utilização
Outros sete países da Otan continuam operando o F-16, com a manutenção de quase mil em operação pelos Estados Unidos. Até o momento, Washington não prometeu uma doação direta, mas autorizou outros países a fazê-lo.
O tempo de entrega é um desafio, visto que a Ucrânia esperava receber os aviões em 2023, mas agora aguarda os primeiros modelos dinamarqueses para o início do segundo semestre deste ano.
A frota de Gripen C/D da Suécia será gradualmente substituída pela versão mais moderna E/F, que também foi adquirida pelo Brasil. O uso desses aviões levanta questões sobre a possibilidade de emprego de armas de países aliados de Kiev em território russo.
O primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, declarou que os F-16 não serão utilizados para ataques fora da Ucrânia, incluindo as áreas ocupadas por Moscou.
A resposta da Rússia
Diante das negociações, o Kremlin destacou que continuará suas operações militares, que têm progredido no norte e no leste da Ucrânia. Dmitri Peskov, porta-voz do governo russo, minimizou as ameaças anteriores de Vladimir Putin de responder intensamente a ataques com armas ocidentais, o que poderia escalar para um conflito mais amplo.
A carta de fundação da Otan estipula que qualquer ataque a um dos 32 membros da aliança implica uma defesa conjunta de todos. A Rússia acredita que um ataque a Moscou por um membro da Otan envolveria toda a aliança no conflito.