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Nesta quinta-feira (31), a startup de lançamento espacial Cosmoleap, da China, anunciou um aporte de mais de 100 milhões de yuans (o equivalente a cerca de R$81 milhões), para avançar no desenvolvimento do foguete reutilizável Yueqian e de um sistema de recuperação inspirado na SpaceX.
O financiamento atraiu investidores importantes, como a estatal Shenergy Chengyi, voltada para inovação, a Tiangchuang Capital, focada em tecnologias emergentes, o fundo de capital de risco Baiyan Fund, a Legend Capital e o investidor Zhang Chao.
Fundada em março, a Cosmoleap, oficialmente chamada Beijing Dahang Transition Technology Co. Ltd., pretende desenvolver um foguete de baixo custo e alta confiabilidade. A meta da empresa é auxiliar na criação de uma rede de Internet via satélite, o que pode reforçar os planos de megaconstelações de satélites da China.
Sobre o foguete Yueqian
Movido a metano, o foguete Yueqian deve realizar seu primeiro voo de teste entre 2025 e 2026. Inspirado na torre Mechazilla, da SpaceX, o projeto também adotará um sistema de recuperação com “braços mecânicos” que permitirão capturar o primeiro estágio após o lançamento.
Esse tipo de recuperação em torre foi usado pela primeira vez com sucesso (por pouco) durante o pouso do megafoguete Starship, após o quinto voo de teste, realizado em 13 de outubro.
Com 75 metros de altura e quatro metros de diâmetro, o veículo terá capacidade para transportar até 10.460 kg para órbitas de mil km em configurações descartáveis, ou 6.280 kg com o primeiro estágio recuperado.
China vê o setor espacial como mercado estratégico
Além do Yueqian, a Cosmoleap também está projetando um foguete maior, de 126 metros de altura, capaz de transportar até 100 toneladas para a mesma órbita em modo descartável ou 36 toneladas em configuração reutilizável. A empresa prevê o lançamento desse modelo mais robusto por volta de 2030.
Em uma recente apresentação no Congresso Internacional de Astronáutica em Milão, na Itália, um representante da startup destacou que o projeto do foguete Yueqian já passou por três anos de desenvolvimento detalhado e testes de solo, e que o voo inaugural tem tudo para acontecer no ano que vem.
O setor espacial comercial é considerado estratégico pelo governo chinês, que vê o espaço como um mercado emergente e de grande potencial. Para fortalecer esse mercado, o governo está incentivando a criação de núcleos espaciais em diferentes regiões do país, criando um cenário favorável para as empresas especializadas.