Uma nova estátua de Josef Stalin foi instalada no Metrô de Moscou. A inauguração do alto-relevo na Estação Taganskaya ocorreu no dia 15 de maio, durante as comemorações do 90º aniversário do metrô da cidade. Trata-se de uma réplica um monumento instalado nos anos 1950, mas destruído em 1965, que mostra quando o ditador é saudado por trabalhadores e cercado de crianças, que lhe oferecem flores.
Segundo o jornal norte-americano The New York Times, ativistas tentaram protestar. Deixaram um cartaz com trechos de discursos em que o presidente russo, Vladimir Putin, critica Stalin. Guardas removeram a placa rapidamente. A polícia prendeu uma pessoa que participou da ação.
A imagem de Stalin, ditador sanguinário responsável por repressões em massa, reaparece agora como símbolo de uma tentativa oficial do presidente russo Vladimir Putin de reescrever o passado.
A reabilitação de Stalin ocorre em um momento em que o Kremlin reforça a narrativa de vitórias nacionais, sobretudo depois do começo da guerra contra a Ucrânia. Críticos afirmam que esse movimento ignora crimes cometidos pelo regime soviético e serve a interesses políticos atuais.
Ainda de acordo com o NYT, Putin já ergueu ao menos 108 monumentos a Stalin na Rússia. O ritmo se intensificou a partir de 2022. Em 2025, houve a instalação de uma estátua em Melitopol, cidade ucraniana sob controle russo. Mas nenhuma delas tem tanta visibilidade quanto a escultura no Metrô de Moscou.
Além disso, neste ano, o governo Putin rebatizou o Aeroporto de Volgogrado como Stalingrado, nome da cidade durante o governo de Stalin, em referência à batalha da Segunda Guerra Mundial.
A ditadura sanguinária de Stalin
Stalin governou a União Soviética de 1924 a 1953, consolidando uma ditadura marcada por repressão política, censura, expurgos e controle total do Estado sobre a sociedade. Durante seu regime, promoveu a coletivização forçada da agricultura, causou fome em massa — como a que matou milhões na Ucrânia — e liderou uma campanha de terror interno que resultou na prisão, na deportação e na execução de milhões de cidadãos soviéticos.
De 1936 e 1938, mais de 700 mil pessoas foram executadas durante o Grande Terror. Outros milhões foram deportados, presos ou morreram de fome em consequência das políticas do governo.

Ao mesmo tempo, Stalin foi o líder da vitória soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
Durante anos, o atual governo russo manteve discurso ambíguo sobre o stalinismo. Putin já condenou publicamente os crimes cometidos e prestou homenagens às vítimas. Mas, paralelamente, desmantelou instituições que documentavam os abusos da era soviética.
Uma ordem judicial de 2021 foi responsável por dissolver o Memorial, organização fundada por dissidentes. Em 2024, o governo russo fechou o Museu de História do Gulag, sob pretexto de normas de segurança, e não o reabriu.