Desde 2006, a espaçonave Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), da NASA, vem examinando a superfície de Marte. Recentemente, o instrumento fez uma nova foto da sonda InSight, aposentada pela agência espacial norte-americana em 2022.
A imagem foi divulgada no X (antigo Twitter), e o equipamento aparece muito pequenininho, podendo ser facilmente confundido com uma cratera ou deformidade no solo.
“Ao estudar o local de pouso do InSight ao longo do tempo, os cientistas podem ver a rapidez com que a poeira se acumula, o que ajuda a estimar a idade de outros distúrbios na superfície”, diz a publicação.
Melhores momentos da sonda InSight em Marte
O Olhar Digital selecionou 10 momentos de destaque do curto (mas intenso e proveitoso) período de trabalho da InSight (abreviação em inglês de “Exploração do Interior com Recurso para Investigações Sísmicas, Geodesia e Transporte de Calor) no Planeta Vermelho.
1- Chegada transmitida ao vivo
A sonda InSight (abreviação, em inglês, para “Exploração de Interiores usando Investigações Sísmicas, Geodésia e Transporte de Calor”) pousou em Marte no dia 26 de novembro de 2018, pouco mais de seis meses depois de ter sido lançada a bordo de um foguete Atlas V, da United Launch Alliance (ULA).
Assim como o lançamento, o pouso foi transmitido ao vivo pela NASA, com o orbitador Odyssey mostrando o lander se aproximando do planeta, por volta das 17h50 (pelo horário de Brasília), abrindo seus paraquedas (para reduzir a velocidade e amenizar o impacto) e tocando a superfície marciana poucos minutos depois. A partir dali, InSight deu início a quatro anos e um mês de atividades importantíssimas para a ciência planetária.
2- Primeira imagem transmitida para a Terra
Horas depois de descer, a sonda enviou a primeira imagem que captou do Planeta Vermelho para a Terra: um pedaço da Elysium Planitia, região perto do equador marciano selecionada como local de pouso entre 22 áreas candidatas.
3- Primeiro tremor de terra captado em Marte
O módulo conta com quatro instrumentos científicos, entre eles, um conjunto supersensível de sismômetros, projetado para registrar e caracterizar os terremotos marcianos – chamados pelos cientistas de martemotos.
Cinco meses depois de chegar em Marte, a sonda captou o primeiro dos mais de 1.300 abalos sísmicos que viria a registrar no planeta. A conquista foi compartilhada no Twitter oficial da missão.
4- Descoberta de um campo magnético 10 vezes mais forte que o esperado
Em março de 2020, a sonda InSight fez uma revelação interessantíssima sobre Marte: ela encontrou um campo magnético 10 vezes mais forte do que o esperado pelos cientistas.
A descoberta, publicada na revista científica Nature Geosciences, ajudou a elucidar alguns dos principais mistérios sobre a formação de Marte e a sua subsequente evolução.
5- O tamanho do núcleo de Marte
Um dos principais feitos da sonda InSight, sem dúvida, foi revelar o tamanho do núcleo de Marte, que se tornou, assim, o único planeta do Sistema Solar, além da Terra, a ter sua camada mais profunda medida.
Graças aos dados obtidos pelo lander, os cientistas descobriram que o núcleo do nosso vizinho é maior e menos denso do que se pensava.
O módulo mostrou que o raio do núcleo marciano é de 1.810 a 1.860 quilômetros – aproximadamente a metade do tamanho do núcleo da Terra. A sonda também detectou que, além do ferro e do enxofre, o interior de Marte também é composto por elementos mais leves – podendo conter, inclusive, oxigênio (o que está em análise pela NASA).
6- Som dos tremores de terra revelam configuração do subsolo marciano
Enquanto os sismômetros da sonda InSight se ocupavam em detectar as vibrações sísmicas do planeta, um outro aparelho era responsável por registar, com precisão e nitidez, os ruídos sísmicos: o sismógrafo.
O trabalho em conjunto desses instrumentos era crucial, uma vez que a detecção dos tremores por si só, embora fornecesse uma visão geral das partes internas mais profundas de Marte, não conseguia capturar pequenos detalhes, como a aparência da camada imediatamente abaixo da superfície.
Portanto, para examinar a geologia local, se fazia necessário analisar os sons de fundo dos martemotos que são constantemente captados pela sonda.
O que se descobriu foi que mais próximo da superfície, o solo de Marte é formado por poeira e fragmentos de rocha produzidos por impactos. Essa camada parece ter apenas 1,5 metros de espessura, embora os pesquisadores alertem que os dados são inexatos.
Três metros abaixo da superfície, parece haver uma camada de rocha vulcânica, formada por grandes erupções no passado distante do planeta.
Na camada de material seguinte, com cerca de 30 metros a 80 metros, os sinais sísmicos se movem lentamente. Por essa razão, os pesquisadores concluíram que é provável que essa camada seja de rocha sedimentar. Abaixo disso estão outros depósitos vulcânicos.
E tudo isso só foi possível descobrir com o trabalho impecável da sonda InSight.
7- O começo do fim
Após três anos e dois meses em funcionamento em Marte, em janeiro deste ano o lander começou a dar sinais de fraqueza, já que a sua energia estava diminuindo gradativamente em razão do acúmulo de poeira em seus painéis solares.
A situação se agravou após repetidos episódios de tempestades de poeira no planeta, o que chegou a colocar a sonda em modo de segurança, para poupar energia.
8- Nascer do Sol em Marte
Onde você estava quando viu o mais belo nascer do Sol da sua vida? Qualquer que seja a sua resposta, definitivamente nenhum lugar seria mais diferente e inusitado do que… outro planeta! E, graças à sonda InSight, temos agora a oportunidade de contemplar a alvorada em Marte.
Mesmo estando nos últimos meses de sua missão, o equipamento foi capaz de captar imagens impressionantes do nascer do Sol no Planeta Vermelho. Esses registros, juntos, ficam em movimento e dão uma noção de como se iniciam as manhãs no nosso vizinho.
9- Maior abalo sísmico já registrado fora da Terra
Em maio deste ano, a sonda InSigh detectou um abalo sísmico que alcançou a escala 5 de intensidade, o que representa o mais forte já observado não só em Marte como em qualquer outro lugar além da Terra.
Para os padrões terrestres, um terremoto de magnitude 5 não seria grande coisa. Por aqui, tremores dessa intensidade ocorrem meio milhão de vezes por ano e raramente causam danos mais graves do que arremessar objetos das prateleiras ou rachar vidraças.
Como Marte, no entanto, é tectonicamente muito mais calmo do que a Terra, martemotos de magnitude 5 são extremamente poderosos – e era isso que os idealizadores do módulo InSight esperavam ver quando lançaram a sonda.
10- Tremores causados por meteoritos
A sonda InSight representa um divisor de águas para o estudo de Marte, principalmente por revelar, a cada coleta de dados, que o planeta é muito mais geologicamente ativo do que se pensava.
No entanto, não foram apenas tremores de terra causados pela própria atividade sísmica marciana que o lander conseguiu captar. Ele também foi capaz de registrar abalos provenientes de impactos de meteoritos.
E mais do que identificá-los, a sonda também conseguiu gravar o som dessas colisões, como mostra o vídeo abaixo.