quarta-feira, janeiro 8, 2025
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Soldados de Israel abandonam férias por temor de acusações

O caso do soldado israelense Yuval Vagdani, que interrompeu as férias na Bahia às pressas no último sábado, 4, depois que a Justiça brasileira pediu a abertura de uma investigação sobre supostos crimes de guerra em Gaza, não é o único acontecimento do tipo fora de Israel nas últimas semanas, segundo o jornal francês Le Figaro. Com o apoio da embaixada israelense, o reservista, de 21 anos, embarcou em um voo de Salvador para Buenos Aires.

O ministro israelense de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo, Amichai Chikli, enviou uma carta ao deputado Eduardo Bolsonaro em que critica a decisão da Justiça brasileira contra o soldado. Chikli também acusou o governo Lula de perseguir israelenses. 

No entanto, de acordo com o Le Figaro, pelo menos três soldados que participaram de operações em Gaza precisaram interromper as férias em Chipre, Eslovênia e Holanda, a pedido dos serviços de inteligência israelenses. O jornal francês informa que dezenas de soldados de Israel estão sob investigações semelhantes mundo afora, em decorrência de ações judiciais movidas por ONGs pró-Palestina. 

O governo australiano, por exemplo, exige que militares israelenses respondam a um questionário detalhado antes da concessão de visto. Há perguntas sobre se os soldados “participaram ou testemunharam genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade”.

Ministro de Israel critica governo Lula diante da investigação contra soldado
Amichai Chikli, ministro de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel | Foto: Reprodução/Redes sociais

As diretrizes de Israel aos soldados fora do país

Atualmente, o Exército israelense não impede seus soldados de permanecerem no exterior. Mas os casos potencialmente problemáticos têm passado por avaliação de risco quanto ao país para o qual os militares desejam viajar. Houve reforço dessa medida diante dos mandados de prisão emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em novembro, contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant.

Tel-Aviv recomenda discrição sobre as operações em Gaza e na Cisjordânia. No entanto, há acusações contra soldados e reservistas sobre a publicação de fotos e vídeos em territórios palestinos. De acordo com uma reportagem do portal Franceinfo, casos graves relativos a infrações penais podem levar a investigações conduzidas pela Polícia Militar israelense.

A ONG belga pró-Palestina The Hind Rajab Foundation (HRF) diz ter se baseado em imagens postadas pelo soldado Yuval Vagdani para pedir uma investigação sobre o reservista durante suas férias na Bahia. A HRF afirma que Vagdani pode ter participado da demolição de um quarteirão residencial em Gaza, em 2024, usando explosivos fora de um contexto de combate. 

Essas residências supostamente abrigavam palestinos deslocados depois do ataque terrorista do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023. 

A ONG diz que Vagdani publicou nas redes sociais imagens da destruição e escreveu: “Que possamos continuar destruindo e esmagando este lugar imundo sem pausa”. Atualmente, o perfil no Instagram do soldado é restrito aos seguidores. 



Via Revista Oeste

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