O Café Girondino, tradicional ponto de encontro no centro de São Paulo, encerrou suas atividades na última segunda-feira, 3. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Felippe Nunes, um dos sócios, atribuiu o fechamento aos efeitos da pandemia de covid-19, que deixaram “cicatrizes que não curaram”.
Fundado em 1998, o Café Girondino estava localizado no encontro das Ruas São Bento e Boa Vista, no centro histórico de São Paulo. A cafeteria era uma homenagem ao antigo Café Girondino, que existia desde 1875, na Rua 15 de Novembro. O local era um ponto de encontro para barões do café e jornalistas.
Ainda segundo Nunes, os períodos de inatividade durante a pandemia comprometeram as receitas. “a pandemia passou há tanto tempo”, observou. “Ainda está refletindo? Sim, reflete. Porque as pessoas estão voltando a revisitar e frequentar o centro só agora, mas a velocidade não tem sido suficiente.”
Nunes mencionou que o faturamento caiu para 30%, em relação ao período pré-pandemia. O número de funcionários também foi reduzido de 120 para 32.
Além disso, o horário de funcionamento passou de 7h às 1h para 8h às 20h. O custo para manter a operação de três andares tornou-se insustentável.
A insegurança no centro de São Paulo
O Café Girondino estava dentro do Triângulo SP, uma área turística que também sofre com problemas de segurança, uso de drogas e alta incidência de assaltos. Segundo Nunes, esses fatores, agravados pela pandemia, contribuíram para o fechamento.
Nunes ainda observou que a região tem apresentado melhoras, com mais policiamento e zeladoria. Isso tem ajudado na ocupação da área. “O centro está voltando”, disse. “Sentimos a melhora. Mas nosso fôlego para aguentar essa retomada, que estava sendo degrau a degrau, não conseguia segurar a casa como um todo.”
O encerramento das atividades do Café Girondino foi uma decisão difícil, especialmente com o marco de 150 anos que se aproxima.
“Tentávamos chegar aos 150 anos, mas era tanto aporte para segurar a estrutura do Girondino que chegou uma hora que ficou insustentável”, explicou Nunes.
Ele destacou que preferiu encerrar as operações e pagar corretamente os cerca de 30 funcionários que restavam.