sábado, julho 6, 2024
InícioViagem & GastronomiaSicília: um giro histórico e gastronômico por Palermo e arredores

Sicília: um giro histórico e gastronômico por Palermo e arredores

História, comida, calor e alegria são algumas das palavras que definem bem a Sicília, a maior ilha de todo o Mediterrâneo. Mas elas são apenas um aperitivo de tudo o que a ponta da bota italiana nos oferece.

Palco de disputas, de impérios e de civilizações, percorrer este pedaço do sul da Itália é ter a certeza de encontrar marcas deixadas pelos fenícios, gregos, romanos, mouros e espanhóis, que influenciaram especialmente sua arquitetura e gastronomia.

Após sair da minha zona de conforto e de me surpreender com cidades do Norte da África, o SH Diana, sofisticado navio da Swan Hellenic com roteiros fora do comum, atracou em Palermo, capital da Sicília e meu destino final a bordo do cruzeiro. Foi o começo de uma nova jornada, toda documentada na 7ª temporada do CNN Viagem & Gastronomia.

Além das maravilhas de Palermo, com todos os seus monumentos, ruas históricas e restaurantes saborosos, aproveitei para dar uma escapada até cidades nos arredores que valem a pena incluir no seu roteiro. Visitei Cefalù e Siracusa, cada uma à sua maneira, mas igualmente especiais.

Acompanhada de muito gelato e de cannoli, as melhores boas-vindas italianas, percorri os principais pontos da região e destaco tudo abaixo. Benvenuto in Italia!

Palermo: a capital da Sicília

O pontapé de nossa expedição se deu em Palermo, cidade que nos convida a andar a pé e a apreciar seus detalhes e sabores. A dica aqui é andar bastante, passear sem pressa, comer o que brilhar os olhos e conhecer a fundo os monumentos e suas histórias.

Minha base foi o Villa Igiea, um hotel de selo Rocco Forte que ocupa um palácio privado do século 19 que pertenceu a uma das famílias mais poderosas da Sicília, a Florio. Relíquias e móveis históricos nos acompanham pelos corredores e varandas que se abrem para o Mar Tirreno são de praxe. A piscina tem até ruínas de colunas gregas, uma experiência única.

Pelas ruas, um bom começo para descobrir a cidade é na Porta Nuova. Minha guia, Irene Matranga, conta que o portal é um dos que sobraram da antiga cidade murada. Superdecorado, o grande arco remonta a 1500, mas a rua tem por volta de 2.700 anos de idade.

Logo ao lado fica o Palácio dos Normandos, palácio real construído no século 12 que é um dos principais pontos turísticos de Palermo. Patrimônio da Unesco, o palácio simboliza a riqueza, o poder político e a cultura do Reino Normando na região.

O grande tesouro do palácio, no entanto, é a Cappella Palatina, com detalhes minuciosos que nos deixam boquiabertos. É um ótimo exemplo do multiculturalismo que encontramos na Sicília. “Quando os normandos chegaram no século 12, conquistaram a ilha dos árabes, mas os deixaram ficar e fazer parte do novo reino. Então a capela é construída por muçulmanos, católicos e cristãos ortodoxos juntos, cada um fazendo o que sabiam fazer de melhor”, explica Irene. A entrada no complexo custa a partir de 15,50 € (cerca de R$ 94).

Na mesma avenida, a Catedral de Palermo surge na paisagem e revela ainda mais história. Erguida também no século 12, é um bom exemplo de igreja-fortaleza construída pelos normandos. Não só se assemelha a um castelo, mas também tinha uma função militar. É interessante notar que do lado de fora ainda resta uma coluna remanescente dos tempos pré-normandos, onde ficava a antiga mesquita, que foi destruída para dar lugar à “nova” igreja.

Não muito longe daqui fica o Quattro Canti, endereço que remonta ao século 17 e que forma quatro das vias mais famosas da cidade. Os edifícios são decorados de forma monumental – estações do ano, reis espanhóis e santas ficam em diferentes níveis e demonstram hierarquia.

Ao lado do Quattro Canti, continue o passeio até a Piazza Pretoria, também conhecida como Praça da Vergonha. Isso porque, por volta de 1500, ela causou certo alarde com suas esculturas de figuras nuas, que representam deuses gregos, mostrando mais um traço da influência de diferentes civilizações na mesma cidade.

Para encerrar o dia, visite o Teatro Massimo, inaugurado em 1897 e que, além do belo exterior, conta com uma programação de espetáculos. “Dentro dele existe um fantasma, e quem não acredita vai tropeçar em algum degrau dentro do teatro. Se acreditar, ele deixa você passar”, garante a guia.

Entre um passeio e outro, nada mais justo do que provar comidas à la siciliana. Docinhos como cannoli e granita não podem faltar, assim como uma verdadeira pizza. A Biga Genio e Farina é uma boa opção para pizzas romanas, aquelas retangulares, com massa de fermentação natural e ingredientes sicilianos. Para terminar a noite com drinques caprichados, o Terraza Bar do Villa Igiea é a melhor opção: a carta assinada por Salvatore Calabrese contém autorais e clássicos bem executados em um ambiente sedutor.

Cefalù: cidadezinha bate e volta

Os arredores de Palermo também nos convidam a aproveitar seus atrativos. A primeira das minhas descobertas foi Cefalù, pequena cidade a pouco mais de uma hora da capital da Sicília e ideal para um bate e volta.

Batizada em homenagem a um promontório onipresente na paisagem local, ela é cheia de heranças gregas.

A rua principal, Corso Ruggero, nos leva aos principais pontos e se divide em várias ruelas, algumas decoradas com charmosos vasos, que desembocam em bares e restaurantes. As praias aqui também são pitorescas, incluindo a Spiaggia di Cefalù, que se abre ao azul do Mar Tirreno.

Além dos locais acima, confira abaixo alguns pontos imperdíveis de Cefalù:

  • Catedral de Cefalù: construída no século 12, a igreja também é parte dos monumentos do Reino Normando da Sicília, logo um Patrimônio da Unesco. Ela também foi uma fortaleza no passado e é possível subir em sua torre. Uma praça com sorveterias e restaurantes fica bem em frente;
  • Chiesa di Maria Santissima della Catena: situada na Corso Ruggero, esta igreja tinha uma corrente que fechava a entrada da cidade durante a noite. O edifício se assemelha a um arco, datado do século 18;
  • Lavatoio Medievale: na Via Vittorio Emanuele há um lavadouro medieval aberto ao público, onde mulheres daquela época lavavam as roupas. A água vem de uma montanha a cerca de 10 km da cidade e o local histórico virou hoje um símbolo da vida cotidiana neste pedaço da Sicília;
  • Taverna Tinchitè: no centrinho, o restaurante faz referência à fartura e mesa cheia. O nome faz jus aos antepastos sicilianos, croquetes, caponatas e variadas massas. Uma dica é pedir a Pasta a Taianu, prato típico de Cefalù com berinjela e carne desfiada.

Siracusa: o lado grego da Sicília

Daniela Filomeno no Templo de Apolo, em Siracusa, na Sicília
Templo de Apolo abrange ruínas de um dos mais importantes templos gregos que existiram na Sicília / CNN Viagem & Gastronomia

Mais afastada de Palermo, na costa do Mar Jônico, Siracusa é uma das cidades mais importantes da Sicília. Minha sugestão é reservar três dias para explorá-la antes de seguir para outros destinos, como Taormina.

É uma das principais cidades gregas fora da Grécia, colonizada pelos gregos há cerca de três mil anos. Aqui está o Parque Arqueológico Neapolis, um enorme complexo com vestígios de anfiteatro, teatro e necrópole, entre outros.

Imperdível também é visitar e hospedar-se em Ortígia, uma ilhota que faz parte da cidade e que possui um charmoso centro histórico. Aqui escolhi o Algilà Ortigia Charme Hotel, um hotel boutique com bom custo-benefício no coração da ilha. Charmoso, histórico e acolhedor, ele ocupa dois palácios do século 19, e o melhor de tudo é poder sair andando e estar a poucos passos de todo o centro histórico.

Além dos locais acima, confira abaixo alguns pontos imperdíveis de Siracusa:

  • Fonte Aretusa: fonte de água próxima ao mar em referência à ninfa Aretusa. Aqui há plantas de papiro e algumas aves aquáticas;
  • Templo de Apolo: original do século 6 a.C, o templo grego foi um dos mais importantes fora da Grécia. Foi ainda uma mesquita durante a ocupação árabe, uma igreja na época bizantina e uma fortaleza na ocupação espanhola. Hoje vemos as ruínas do local;
  • Piazza del Duomo: a praça é o coração de Ortígia, em que sua estrela é a Catedral, acoplada a um templo romano do século 5 a.C dedicado à deusa Ártemis, a mais importante construção da Grécia Antiga em Siracusa. O entorno é cheio de construções barrocas e restaurantes;
  • Trattoria do Scogghiu: restaurante ideal para comidas caprichadas. Espaguete com frutos do mar, espaguete com aliche, tomatinho e farinha de rosca e espaguete ao vôngole com botarga estão entre as massas, todas melhor acompanhadas de vinhos locais;
  • Fico Restaurant: em uma viela na Piazza del Duomo, o restaurante parece uma vilinha italiana. Aqui aposte na amatriciana, um dos pratos mais emblemáticos da Itália.

Via CNN

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui