Shigeru Ishiba foi confirmado como o novo primeiro-ministro do Japão durante uma sessão extraordinária do Parlamento nesta terça-feira, 1º. Líder do Partido Democrata Liberal (PDL), ele sucede Fumio Kishida, também do PDL, segundo informações da agência de notícias Associated Press (AP).
A nomeação de Ishiba ocorre em um momento delicado para o Japão, que enfrenta desafios internos e externos. Ex-ministro da Defesa, ele foi escolhido líder do partido na última sexta-feira, 27, e anunciou a convocação de eleições para 27 de outubro, buscando legitimar seu governo junto à população.
Ishiba enfrenta a tarefa de restaurar a confiança no PDL e liderar o país num período de aumento do custo de vida e tensões de segurança na Ásia Oriental. Conhecido por suas opiniões contundentes, Ishiba tem se posicionado contra algumas políticas do partido, incluindo o aumento do uso de energia nuclear.
Além dos desafios domésticos, Ishiba terá que gerir as relações diplomáticas com os Estados Unidos, buscando um relacionamento mais equilibrado. Ele propôs a criação de uma Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) asiática, ideia que recebeu críticas de Pequim.
Ex-premiê do Japão renunciou em agosto
Fumio Kishida anunciou sua renúncia ao cargo de primeiro-ministro do Japão em 14 de agosto. Com a confirmação de Ishiba, ele deixou oficialmente o cargo nesta terça-feira, 1.
Ele liderou o PDL desde 2021, período em que enfrentou queda de popularidade, recessão econômica e escândalos de corrupção.
O governo de Kishida sofreu um golpe no final de 2023, quando foi revelado que a Justiça do Japão estava investigando um pagamento de 500 milhões de ienes (R$ 18,5 milhões) pelo PDL como suborno. Na época, pelo menos quatro ministros renunciaram.
Ao portal Poder 360, Alex Degan, professor de história da Ásia na UFSC, explicou que a saída de Kishida pode ser vista como “uma tentativa de seu partido de ainda reter o controle político no país”.
O Partido Democrata Liberal, fundado em 1955, consolidou-se como o maior partido japonês na segunda metade do século XX, controlando o Parlamento de maneira quase soberana, segundo especialistas.
Descrito como conservador a moderado, o PDL abrange nacionalistas, liberais e progressistas. Defende o aumento dos gastos com defesa e relações estreitas com o Indo-Pacífico e os Estados Unidos, visando a conter a ascensão da China e ameaças da Coreia do Norte.
Histórico eleitoral do PDL
Desde sua fundação, o partido só perdeu uma eleição geral, em 2009. Em 1993, embora tenha vencido, não assumiu o governo por não alcançar a maioria no Parlamento.
Nas eleições de 2012, 2014 e 2017, o PDL conquistou a maioria dos assentos na Câmara dos Representantes, elegendo Shinzo Abe como primeiro-ministro. Abe foi assassinado em 8 de julho de 2022, quando foi baleado durante um evento de campanha em Nara.
Nas últimas eleições gerais, em 2021, o PDL ganhou 261 dos 465 assentos, garantindo a maioria e levando Fumio Kishida ao cargo de primeiro-ministro. Apesar disso, o partido perdeu apoio popular nos últimos anos.