Atualmente, há 1,4 milhão de quilômetros de cabos de telecomunicações no fundo do mar, abrangendo todos os oceanos do planeta. Eles são responsáveis pela transferência de 99% de todos os dados digitais. Isso significa que uma eventual falha traria impactos significativos para a população mundial.
Por ano, são registradas cerca de 200 falhas na rede. A maioria delas (quase 80%) está relacionada a atividades humanas, como lançar âncoras ou redes de pesca de arrasto, que acabam ficando presas nos cabos. O restante tem relação com questões naturais.
Mas independentemente das causas, como reparar os danos no fundo do mar? A solução foi a criação de um sistema de resposta global que tem como objetivo identificar e consertar os cabos submarinos o mais rápido possível, minimizando os transtornos gerados à comunicação global.
‘Exército’ de navios está de prontidão
Em 1929, um episódio acendeu um alerta em relação aos equipamentos. Um deslizamento de terra submarino, fenômeno chamado corrente de turbidez e que até então era desconhecido, causou o rompimento de dezena de cabos.
Se isso se repetisse nos dias de hoje traria impactos significativos na comunicação entre a América do Norte e a Europa. Isso gerou uma necessidade de ação e a criação de um verdadeiro exército de navios de reparos.
Essas embarcações estão estrategicamente posicionadas ao redor do mundo para que o trajeto entre a base e o porto seja de 10 a 12 dias. Dessa forma, o reparo em águas profundas pode levar uma ou duas semanas, dependendo da localização e do clima.
Mas calma, isso não significa que um país inteiro vai ficar sem internet por uma semana. Muitas nações possuem mais cabos e mais largura de banda dentro desses cabos do que a quantidade mínima exigida, de modo que, se alguns forem danificados, os outros possam compensar.
Isso é chamado de redundância no sistema e possibilita que a maioria das pessoas nunca perceba quando um cabo submarino é danificado. Em eventos extremos, essa pode ser a única coisa que mantém um país online. As informações são da BBC.
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Como é feito o reparo de um cabo submarino
- Para reparar o dano, o navio utiliza um arpéu, ou gancho, para levantar e cortar o cabo, puxando uma extremidade solta até a superfície, e enrolando-a na proa com grandes tambores motorizados.
- A parte danificada é então arrastada até uma sala interna e analisada em busca de falhas, reparada, testada, selada e, em seguida, presa a uma boia enquanto o processo é repetido na outra extremidade do cabo.
- Uma vez que as duas extremidades são consertadas, cada fibra óptica é emendada sob microscópio para garantir que haja uma boa conexão.
- Na sequência, são vedadas com uma junta universal que é compatível com o cabo de qualquer fabricante, facilitando a vida das equipes de reparo internacionais.
- Quando os cabos reparados são colocados em águas mais rasas, onde pode haver mais tráfego de barcos, são enterrados em valas.
- Veículos subaquáticos operados remotamente, equipados com jatos de alta potência, podem abrir trilhas no fundo do mar para a instalação dos cabos.
- Em águas mais profundas, o trabalho é feito por arados equipados com jatos, arrastados ao longo do leito marinho por grandes embarcações de reparo acima.
- Alguns arados pesam mais de 50 toneladas e, em ambientes extremos, são necessários equipamentos ainda maiores.