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‘sem precedentes’, diz CEO da Rumble

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) enviou uma carta ao ministro Alexandre de Moraes em maio. O texto repreende o Supremo Tribunal Federal (STF) por ordenar que a plataforma de vídeos Rumble restringisse a liberdade de expressão de um usuário em solo norte-americano. 

A carta, enviada em 7 de maio e tornada pública na última quinta-feira, 29, descreve as ordens como um abuso internacional sem força legal nos EUA.

A Rumble, uma rede social de compartilhamento de vídeos sediada nos EUA e conhecida por se opor à censura presente em outras redes sociais e plataformas de vídeo, está no centro de uma batalha internacional sobre liberdade de expressão que já dura meses. 

“Se observarmos o que está acontecendo ao redor do mundo, é evidente que estamos vivendo um momento perigoso para todos que acreditam na liberdade de expressão — um direito humano fundamental garantido pela Constituição dos EUA e reconhecido globalmente, até mesmo pelas Nações Unidas”, afirmou o CEO da Rumble, Chris Pavlovski, em entrevista à emissora Fox News em maio, depois do envio da carta do DOJ.

O ministro Alexandre de Moraes ordenou a suspensão da Rumble no Brasil em fevereiro, sob o argumento de que a empresa não cumpriu determinações judiciais, que incluíam a remoção das contas de um brasileiro que vive nos EUA e busca asilo político.

“O fato de a Rumble ter se tornado um protagonista nessa luta global pela liberdade de expressão valida poderosamente nossa missão”, completou Pavlovski. “Temos orgulho de estar na linha de frente desse esforço e somos gratos que o presidente Trump e sua administração tenham tornado essa batalha uma prioridade da política externa.”

Chris Pavlovski, CEO da rumble
Chris Pavlovski, CEO da Rumble | Foto: Reprodução/Redes sociais

Banimento do Rumble por Moraes desagradou governo dos EUA

Moraes agora está na mira do governo dos EUA. Além da carta do DOJ, que detalha o alegado abuso de autoridade internacional do ministro ao interferir nas leis norte-americanas e na Primeira Emenda, o secretário de Estado Marco Rubio revelou, em uma audiência no Congresso, que o magistrado pode ser alvo de sanções.

O ministro do STF havia ordenado que a Rumble removesse um usuário acusado de espalhar desinformação online e considerado foragido no Brasil. A Rumble se recusou e foi ameaçada com sanções financeiras por não cooperar. “Essas supostas ordens à Rumble são feitas sob ameaça de sanções financeiras e outras penalidades”, diz a carta, que foi assinada pela funcionária do DOJ Ada E. Bosque. 

“Não tomamos posição quanto à aplicabilidade das ordens e outros documentos judiciais que instruem a Rumble a agir dentro do território brasileiro, pois isso é matéria do Direito brasileiro”, escreveu Ada. “No entanto, na medida em que esses documentos instruem a Rumble a tomar ações específicas nos Estados Unidos, aconselhamos respeitosamente que tais ordens não são executáveis judicialmente em solo norte-americano.”

“A carta do Departamento de Justiça dos EUA a um juiz estrangeiro sobre ordens de censura é sem precedentes”, disse Pavlovski. “Ela traça um limite claro: autoridades estrangeiras não podem emitir ordens de censura que violem a Primeira Emenda ou contornem a legislação dos EUA.”

A carta ressaltou também a existência de canais legais estabelecidos para processos internacionais, os quais, segundo o DOJ, foram ignorados pelo juiz brasileiro. A correspondência orienta Moraes sobre os procedimentos adequados que ele poderia seguir em relação às decisões judiciais.

A Rumble já enfrentou restrições em diversos países e atualmente é bloqueada na China, Rússia, França e Brasil. A plataforma também já recebeu exigências de censura no Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, mas mantém seu compromisso com a liberdade de expressão.

marco rubio
Marco Rubio é filho de imigrantes cubanos e secretário de Estado dos EUA | Foto: Divulgação/State.gov

Rubio anunciou carta na mesma data em que citou Lei Magnitsky

A carta do DOJ foi divulgada durante a audiência de Rubio na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes em maio, quando também disse que o Departamento de Estado considera sanções contra Moraes sob a Lei Magnitsky. Essa lei autoriza o governo dos EUA a sancionar indivíduos estrangeiros responsabilizados por violações de direitos humanos ou corrupção.

“Temos visto censura generalizada e perseguição política contra toda a oposição, incluindo jornalistas e cidadãos comuns”, afirmou o deputado republicano da Flórida Cory Mills na audiência de maio. “O que eles estão fazendo agora é a prisão iminente e politicamente motivada do ex-presidente Bolsonaro.”

Dias depois da audiência, Rubio publicou no X que o Departamento de Estado vai impor restrições de visto a estrangeiros considerados “cúmplices” na censura de norte-americanos. “Os estrangeiros que trabalham para minar os direitos dos americanos não devem desfrutar do privilégio de viajar para nosso país”, escreveu o secretário, sem citar nomes.

Lula, em comentários feitos nesta semana, criticou duramente os EUA por ameaçarem sancionar Moraes. “É inaceitável que o presidente de qualquer país do mundo comente decisões da Suprema Corte de outro país”, afirmou o petista nesta terça-feira, 3, segundo a agência de notícias Reuters.

O presidente brasileiro acrescentou que os EUA deveriam compreender a importância de “respeitar a integridade das instituições de outros países”.



Via Revista Oeste

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