Durante reunião na Assembleia Geral das Nações Unidas, Brasil e China fundaram um grupo com 12 países com o objetivo de mediar o conflito entre Rússia e Ucrânia. O bloco busca promover uma solução pacífica para a guerra, que já dura mais de dois anos e meio.
A ideia de Brasil e China é convocar o maior número possível de países para integrar a aliança. Durante a reunião, que aconteceu nesta sexta-feira, 27, assinaram o documento os representantes da África do Sul, Argélia, Bolívia, Cazaquistão, Colômbia, Egito, Indonésia, Quênia, Turquia e Zâmbia. O grupo ainda tem três observadores: França, Suíça e Hungria.
A proposta, no entanto, foi criticada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que considera o plano insuficiente para acabar com a guerra e acusa os envolvidos de favorecer o presidente da Rússia, Vladimir Putin. A iniciativa, nomeada Friends for Peace (“Amigos pela Paz”), prevê a retomada da por meio da diplomacia, em vez do militarismo.
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“Levou tempo, porque leva tempo para as pessoas se convencerem de que outros caminhos não estão levando a lugar nenhum”, disse Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República.
Lula fez coro a Amorim e reforçou que que não há “solução militar” para a guerra na Ucrânia. “Estamos dispostos a saber se os dois países estão interessados em conversar, porque, se os dois não quiserem, não tem conversa.”
Brasil e China contra armas nucleares
Brasil e China também apelaram contra o uso de armas nucleares no conflito. “Instamos que se abstenham do uso ou da ameaça [de usar] armas de destruição em massa, em particular armas nucleares e armas químicas e biológicas”, diz o comunicado. “Deve-se fazer tudo o possível para prevenir a proliferação nuclear e evitar a guerra nuclear”.
O documento ainda pede que as “estruturas civis, incluídas as instalações nucleares com fins pacíficos e outras instalações energéticas não sejam alvos militares”.
Nesta semana, Putin ameaçou usar armas nucleares caso seja atacado pela Ucrânia. Em seguida, Zelensky acusou o presidente russo de planejar ataques contra as usinas nucleares ucranianas.
“Parece que agora Putin planeja atacar nossas usinas nucleares e a infraestrutura para desconectar estas instalações da rede de energia”, assegurou Zelensky. “Qualquer incidente crítico no sistema de energia poderia causar um desastre nuclear”.
Leia o plano na íntegra:
- “As duas partes apelam a todos os atores relevantes a observarem três princípios para a desescalada da situação, a saber: não expansão do campo de batalha, não escalada dos combates e não inflamação da situação por qualquer parte.
- As duas partes acreditam que o diálogo e a negociação são a única solução viável para a crise na Ucrânia. Todos os atores relevantes devem criar condições para a retomada do diálogo direto e promover a desescalada da situação até que se alcance um cessar-fogo abrangente. O Brasil e China apoiam uma conferência internacional de paz realizada em um momento apropriado, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz.
- São necessários esforços para aumentar a assistência humanitária em áreas relevantes e prevenir uma crise humanitária de maior escala. Ataques a civis ou instalações civis devem ser evitados, e a população civil, incluindo mulheres, crianças e prisioneiros de guerra, deve ser protegida. As duas partes apoiam a troca de prisioneiros de guerra entre os países envolvidos no conflito.
- O uso de armas de destruição em massa, em particular armas nucleares, químicas e biológicas, deve ser rejeitado. Todos os esforços possíveis devem ser feitos para prevenir a proliferação nuclear e evitar uma crise nuclear.
- Ataques contra usinas nucleares ou outras instalações nucleares pacíficas devem ser rejeitados. Todas as partes devem cumprir o direito internacional, incluindo a Convenção de Segurança Nuclear, e prevenir com determinação acidentes nucleares causados pelo homem.
- A divisão do mundo em grupos políticos ou econômicos isolados deveria ser evitada. As duas partes pedem novos esforços para reforçar a cooperação internacional em energia, moeda, finanças, comércio, segurança alimentar e segurança de infraestrutura crítica, incluindo oleodutos e gasodutos, cabos óticos submarinos, instalações elétricas e de energia, bem como redes de fibra ótica, a fim de proteger a estabilidade das cadeias industriais e de suprimentos globais.“