Uma poderosa explosão desencadeada de uma mancha no Sol na terça-feira (1), por volta das 19h (pelo horário de Brasília), provocou um blecaute temporário de rádio sobre partes dos EUA e gerou uma ejeção de massa coronal (CME) que pode atingir a Terra em breve. Caso isso ocorra, auroras intensas poderão ser vistas no fim de semana em áreas mais ao sul do globo do que de costume.
Classificada como X7.1, a erupção se deu na mancha solar AR3842, localizada próxima ao equador do Sol. Essa é a segunda explosão mais forte do Ciclo Solar 25, que teve início em 2019. A primeira aconteceu em maio, com magnitude X8.7, a mais significativa nos últimos sete anos.
Vamos entender:
- O Sol tem um ciclo de 11 anos de atividade;
- Ele está atualmente no que os astrônomos chamam de Ciclo Solar 25;
- Esse número se refere aos ciclos que foram acompanhados de perto pelos cientistas;
- No auge dos ciclos solares, o astro tem uma série de manchas em sua superfície, que representam concentrações de energia;
- À medida que as linhas magnéticas se emaranham nas manchas solares, elas podem “estalar” e gerar rajadas de vento;
- De acordo com a NASA, essas rajadas são explosões massivas do Sol que disparam partículas carregadas de radiação para fora da estrela em ejeções de massa coronal;
- As erupções são classificadas em um sistema de letras pela NOAA – A, B, C, M e X – com base na intensidade dos raios-X que elas liberam, com cada nível tendo 10 vezes a intensidade do anterior;
- A classe X, no caso, denota os clarões de forte intensidade, enquanto o número fornece mais informações sobre sua força;
- Um X2 é duas vezes mais intenso que um X1, um X3 é três vezes mais intenso, e, assim, sucessivamente;
- Se as CMEs são lançadas em direção à Terra, podem atingir a atmosfera do planeta e reagir com a magnetosfera;
- Isso provoca tempestades geomagnéticas;
- A depender da potência, essas tempestades podem ocasionar desde a formação de auroras até efeitos mais graves, como interrupções em sistemas de comunicação ou mesmo derrubar satélites em órbita.
Modelo da NASA prevê quando jato de plasma deve chegar à Terra
De acordo com a plataforma de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com, a radiação liberada pela explosão de terça ultrapassou o campo magnético da Terra, ionizando a atmosfera superior e provocando um apagão temporário de rádio sobre o Oceano Pacífico. Além disso, a explosão lançou uma CME – uma grande nuvem de plasma e radiação – que, segundo um modelo computacional da NASA, deve atingir a Terra no sábado (5).
Quando isso acontecer, poderá desencadear uma tempestade geomagnética (fenômeno que altera o campo magnético do planeta e permite que partículas solares penetrem profundamente na atmosfera, gerando auroras em latitudes mais baixas do que o habitual).
Esse aumento na atividade solar é um forte indicativo de que estamos entrando no máximo solar, o ponto de maior atividade dos ciclos de 11 anos do Sol. Cientistas inicialmente previram que esse pico seria menos acentuado e ocorreria em 2025, mas a intensidade crescente das erupções solares obrigou especialistas a revisar essas projeções.
Só em 2024, o Sol já desencadeou 41 explosões solares de classe X, um número maior do que o registrado nos últimos nove anos. Esse aumento de atividade pode continuar nos próximos meses, com tempestades geomagnéticas e auroras mais frequentes.