A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou que o rio Xingu e seu afluente, o rio Iriri, enfrentam situação crítica de escassez hídrica, que deve se estender até 30 de novembro. Isso significa que a seca nos rios em questão é grave. E detalhe: é no Xingu que fica a usina hidrelétrica de Belo Monte.
Para quem não sabe: essa usina – responsável por 11% da capacidade de geração de energia do sistema interligado nacional – é uma das maiores do Brasil. A declaração da ANA permite que a agência determine regras especiais para uso da água e operação nos reservatórios. Além disso, corrobora declarações de emergência nos municípios afetados.
Rio Xingu e rio Iriri não são os únicos que enfrentam seca grave no Brasil
A ANA emitiu quatro declarações de situação crítica de escassez hídrica em 2024, segundo o G1. Todas com previsão de se estender até 30 de novembro. Segundo a agência, os que enfrentam seca grave são:
- Bacia hidrográfica do Paraguai;
- Rio Madeira;
- Rio Purus e seus afluentes;
- Trecho baixo do rio Tapajós.
A situação é crítica em quatro afluentes do rio Amazonas: Madeira, Purus, Tapajós e Xingu. Eles são afluentes porque desaguam no rio Amazonas.
Em relação à Bacia do Rio Xingu, a área técnica da ANA informou o seguinte:
“O cenário observado é de escassez hídrica relevante em comparação com períodos anteriores, com perspectiva de impactos aos usos da água, em especial para a geração hidrelétrica no complexo Belo Monte e as estruturas de captação de usos consuntivos.“
Impactos da seca no rio Xingu
A falta de chuvas na região do rio Xingu combinada à demanda por energia exigiu o rebaixamento do nível do reservatório imediato, segundo a área técnica da ANA. “No entanto, com a redução dos níveis, há uma redução da energia gerada”, acrescentou.
Além disso, a seca no rio afeta a navegação. Isso porque navegar pode ficar inviável em alguns trechos do rio, por conta do nível baixo da água.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse que 58% do território nacional está em situação de seca. A afirmação veio durante o seminário “Finanças Hoje para o Nosso Amanhã: Reorientando Finanças para a Sustentabilidade Ambiental”, na segunda-feira (30).
- Para quem não conhece: é um evento paralelo às reuniões do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade Ambiental e Climática do G20, que acontecem no Rio ao longo desta semana.
Marina acrescentou que mais de 900 incêndios afetam esse baita pedaço do Brasil. “Precisamos pensar e agir de forma urgente. Dependemos da natureza”, afirmou, segundo o jornal O Globo.
Para a ministra, a “questão da mudança climática não vai ser resolvida pelo mercado”. Marina entende que “uma solução mais robusta precisa da mão do Estado”, na qual “esforços corporativos” serviriam de complemento.