O ministro Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária, afirmou nesta quarta-feira (8), em tom de brincadeira, que se tivesse realizado a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no domingo (5) teria errado algumas questões. Fávaro fez referência a três perguntas da prova classificadas como ideológicas por ruralistas.
“Não é o governo que faz a prova [do Enem], são professores renomados que fazem. O que posso dizer com relação a isso e nada mais que isso: se eu estivesse fazendo a prova eu iria errar umas duas, três questões”, afirmou. O ministro conversou com jornalistas depois de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto.
“Se eu tivesse feito a prova eu teria errado, porque eu conheço o agronegócio e eu conheço o que ele proporciona nas regiões aonde ele chega com forma responsável. O agronegócio gera oportunidades, desenvolvimento social, gera inclusão social”, afirmou.
A Frente Parlamentar da Agropecuária pede a anulação das questões 89, 70 e 71. A bancada afirma que “as perguntas são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica”, e não têm “critério científico ou acadêmico”
Questionado, o ministro descartou atuar como ponte entre o governo e o grupo que vem criticando com mais intensidade as questões. “Estou tranquilo, acho que não é a minha atribuição ser comentarista de prova do Enem.”
Mais cedo, Manuel Palacios, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), rebateu acusações de “cunho ideológico” e “doutrina” nas questões do Enem. Segundo ele, a prova não avalia opinião política, mas, sim, interpretação de texto.
“O item de múltipla escolha tem por objetivo apresentar um estímulo ao estudante e captar sua resposta. Não se trata em momento algum de submeter o estudante a qualquer pergunta que leve à uma manifestação de concordância ou discordância com o que lá está escrito”, afirmou durante audiência pública na Câmara dos Deputados.
Palacios defendeu a objetividade da elaboração dos itens do exame. “[Os elaboradores das questões] são professores que foram selecionados em 2020, e estão exercendo essa função até agora. Se há algum tipo de seleção enviesada, ela vem ocorrendo há muito tempo, porque na verdade não há nada além da seleção pública de profissionais da educação, por meio de critérios objetivos de currículo”, disse.
Ainda segundo o presidente do Inep, os itens da prova refletem critérios básicos para o “pensamento crítico” dos estudantes. “Racismo é crime. Feminismo não é uma doutrina, é a defesa dos direitos da mulher. Não me parece que seja doutrinário itens que coloquem em evidência as questões relativas à discriminação racial e à discriminação contra a mulher”, completou.
Compartilhe: