Na reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com a alta cúpula do governo federal, realizada em 5 de julho de 2022, o então mandatário fala dos riscos para o país caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições daquele ano. Bolsonaro cobra atitudes de ministros e aliados, além de sugerir a possibilidade de fraude nas urnas.
A CNN teve acesso a trechos do vídeo, apreendido pela Polícia Federal (PF), um dos elementos que embasou as investigações por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. As imagens foram obtidas pelo âncora Leandro Magalhães.
“Nós sabemos que se a gente reagir depois das eleições, vai ter o caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira o Brasil. Agora, quem tem dúvida de que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições. Vou lembrar aqui, se eu falar que assisti em 1970 a Copa do Mundo e se eu falar que em 1972 o Flamengo perdeu de 10 a 0 para o Bangu, alguém acredita? Tem que acreditar em mim, porra”, disse Bolsonaro.
Em seguida, ele critica os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e menciona a reunião com embaixadores, que ocorreria dias depois do encontro.
“Quinta-feira eu vou me reunir com metade dos embaixadores, semana que vem com a outra metade. Porque os caras tão preparando tudo pro Lula ganhar no primeiro turno, na fraude. Vou mostrar como e porquê. Alguém acredita aqui em Fachin, em Barroso, em Alexandre de Moraes? Alguém acredita? Se você acredita, levanta o braço. Acredita que eles são pessoas isentas, que estão preocupadas em fazer justiça, em seguir a Constituição, tudo que estão vendo acontecer?”, continua.
Bolsonaro diz então que é preciso ser mais contundente e que pode haver um caos no Brasil em caso de derrota nas urnas.
“Pra gente ver o que tá acontecendo. Tá na nossa cara. A guerra de papel e caneta, a gente não vai ganhar essa guerra, a gente tem que ser mais contundente, como eu vou começar a ser com os embaixadores, porque se aparece o Lula com 51% no dia 2 de outubro, acabou. Ou a gente vai reagir, vai ser um caos. Vai pegar fogo o Brasil“, declara o chefe do Executivo.
A PF afirmou em nota que não é responsável pela veiculação dos trechos e ressaltou que as investigações seguem em andamento.
“A Polícia Federal esclarece que o vídeo divulgado por veículos de imprensa nesta sexta-feira, referente à Operação Tempus Veritatis, não foi divulgado pela Instituição. O material veiculado é público e está disponível em buscador de internet, a qualquer cidadão. As investigações seguem em andamento, com o sigilo regulado por lei decisões judiciais”, diz o texto.
(Colaboraram Ana Luzia Pizarro, Júlia Vieira, Marcos Guedes, Marcos Rosendo e Maria Clara Matos)
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