quinta-feira, novembro 14, 2024
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Satélite mais antigo do Reino Unido foi movido; quem foi?

Esta parece uma história tirada dos quadrinhos ou de um livro de ficção científica. O satélite mais antigo do Reino Unido, lançado em 1969, foi movido e, como diria o Professor Girafales, ninguém sabe causa, motivo, razão ou circunstância, tampouco que foi o responsável, reporta a BBC.

Um pouco de história da mudança do satélite

  • O Skynet-1A foi originalmente colocado acima da costa leste da África para retransmitir comunicações para as forças britânicas;
  • Só que, agora, por motivos que ninguém entende, ele está a meio planeta de distância, a 36 mil km acima das Américas;
  • Além disso, a mecânica orbital significa que é quase impossível que o satélite, que possui meia tonelada, tenha mudado sua localização sozinho;
  • Contudo, é quase certo que, na década de 1970, ele recebeu ordens para disparar seus propulsores, de modo que se deslocasse rumo ao oeste;
  • Mas, quem ordenou? Qual autoridade tinha? E qual era o propósito?;
  • Tais informações desapareceram por alguma razão peculiar. E você pode estar se perguntando sobre a importância disso 50 anos depois e com o satélite já sendo lixo espacial descartado.
“Cubo Azul” da Força Aérea dos EUA poderia ter mudado o satélite de lugar (Imagem: Museu do Parque Histórico de Sunnyvale)

“Ainda é relevante porque quem moveu a Skynet-1A nos fez poucos favores”, diz o consultor espacial Dr. Stuart Eves. “Agora, está no que chamamos de ‘poço gravitacional’ a 105° de longitude oeste, vagando para frente e para trás como uma bola de gude no fundo de uma tigela. E, infelizmente, isso o aproxima de outro tráfego de satélite regularmente.”

“Como ele está morto, o risco é que ele esbarre em alguma coisa e, como é ‘nosso’ satélite, ainda somos responsáveis ​​por ele”, explica o especialista.

Eves até tentou analisar catálogos antigos de satélites, Arquivos Nacionais britânicos e conversar com especialistas mundiais em satélites, mas não conseguiu achar respostas sobre o comportamento do aparelho no fim de sua vida útil.

Origem: Estados Unidos; fim: Estados Unidos?

O que se sabe é que o Skynet-1 A foi fabricado nos Estados Unidos pela extinta empresa aeroespacial Philco Ford e que foi ao Espaço por meio de um foguete Delta da Força Aérea dos EUA.

“O primeiro satélite Skynet revolucionou a capacidade de telecomunicações do Reino Unido, permitindo que Londres se comunicasse com segurança com forças britânicas tão distantes quanto Cingapura. No entanto, de um ponto de vista tecnológico, o Skynet-1A era mais estadunidense do que britânico, já que os Estados Unidos o construíram e o lançaram”, observou o Dr. Aaron Bateman em artigo sobre a história do programa Skynet, que está na quinta geração.

Tal informação foi confirmada por Graham Davison, piloto do Skynet-1 A no início dos anos 1970, direto de suas operações no Reino Unido, em Hampshire, mais especificamente na RAF Oakhanger, antiga estação da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) britânica.

“Os estadunidenses, originalmente, controlavam o satélite em órbita. Eles testaram todo o nosso software contra o deles, antes de, então, eventualmente, entregar o controle para a RAF”, contou à BBC.

“Em essência, havia controle duplo, mas, quando, ou, por que, o Skynet-1A pode ter sido devolvido aos estadunidenses, o que parece provável, infelizmente não consigo lembrar”, prosseguiu Davison.

Quem também tem vasculhado os Arquivos Nacionais do Reino Unido em busca de respostas é a estudante de doutorado da University College London (Inglaterra), Rachel Hill. E ela obteve uma possibilidade bem interessante:

“Uma equipe da Skynet de Oakhanger iria para a instalação de satélite da USAF em Sunnyvale (conhecida coloquialmente como Blue Cube) e operaria a Skynet durante o ‘Oakout’. Foi quando o controle foi temporariamente transferido para os EUA enquanto Oakhanger estava fora do ar para manutenção essencial. Talvez a mudança pudesse ter acontecido então?”

Os registros oficiais da situação do Skynet-1 A estão incompletos, mas sugerem que o comando final estava nas mãos dos estadunidenses quando Oakhanger perdeu o satélite de vista, em junho de 1977.

Teste de uma ferramenta para coletar lixo espacial
Britânicos estão testando formas de coletar lixo espacial (Imagem: Astroescala)

Cemitério orbital

O dispositivo acabou morrendo em local, no mínimo, estranho, pois ele deveria ter sido deslocado para o chamado “cemitério orbital”. Esse local é uma região ainda mais alta no céu, onde o lixo espacial antigo não colidirá com satélites de telecomunicações ativos hoje em dia.

Apesar de, nos dias atuais, o cemitério orbital ser comum e padrão, nos anos 1970, a sustentabilidade no Espaço não era algo muito estudado e defendido. Contudo, isso mudou, pois a quantidade de lixo espacial na órbita da Terra e além é gigantesca.

Por exemplo, um satélite ativo, a 105° de longitude oeste, pode ver um pedaço de lixo chegando a 50 km de sua posição até quatro vezes em um só dia. De primeira, pode parecer que eles não estão tão perto assim, contudo, conforme os objetos mortos se movem, ficam cada vez mais próximos.

O Ministério de Defesa britânico afirmou que o Skynet-1 A costumava ser monitorado de forma constante pelo Centro Nacional de Operações Espaciais do país. Outros operadores desses equipamentos sempre são informados da possibilidade de uma conjunção próxima, caso precisem tomar medidas evasivas.

Mas, dada as condições espaciais atuais e a região na qual o Skynet-1 A foi descartado, é possível que o governo britânico precise entrar em ação e mover o dispositivo para um local mais seguro.

Coleta de lixo espacial
Estadunidenses e chineses já conseguiram demonstrar a coleta de lixo em órbitas altas (Imagem: Northrop Grumman)

Tecnologias para coletar lixos espaciais

Já há o desenvolvimento de tecnologias que visam coletar lixos espaciais. A Agência Espacial britânica, por exemplo, financia esforços visando essa coleta em altitudes mais baixas, enquanto estadunidenses e chineses já demonstraram ser possível coletar hardware antigo na mesma órbita na qual o Skynet-1 A encontra-se.

“Pedaços de lixo espacial são como bombas-relógio. Precisamos evitar o que chamo de eventos superespalhadores. Quando essas coisas explodem ou algo colide com elas, isso gera milhares de pedaços de detritos que se tornam um perigo para outra coisa com a qual nos importamos”, alerta Moriba Jah, professor de engenharia aeroespacial na Universidade do Texas em Austin (EUA).

Via Olhar Digital

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