O São Paulo planeja uma série de ações para o centenário do clube, em 2030, e isso inclui um vasto plano de reestruturação financeira. Contudo, o caminho se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) não está no radar do clube neste momento.
A diretoria tem a noção de que o movimento das SAF’s no Brasil pode ser uma tendência crescente para a maioria dos clubes e não se opõe à ideia. Entretanto, a curto prazo, o São Paulo deve pemanecer como um clube associativo, pelo menos até o ano do centenário.
“O Julio (Casares) dizia disso desde o primeiro dia da campanha de eleição. O São Paulo não vai ser a primeira SAF, nem a última. A gente teve o primeiro momento das SAF’s, agora talvez a gente entre no segundo momento. Não é uma coisa que nós temos no radar, que esteja no nosso planejamento para 2030. Não pensamos em fazer a SAF”, garantiu Eduardo Toni, diretor de marketing do Tricolor, em entrevista concedida nesta semana.
Caso se converta para uma SAF no futuro, a ideia da atual gestão é que o São Paulo não tenha 100% de suas ações em posse de um único dono.
Um caso citado como exemplo para um ativo do clube foi o Vasco, que não incluiu o estádio São Januário na venda das ações à 777 Partners, que foi afastada pela Justiça e não controla mais o futebol da equipe carioca. O Tricolor não trabalha com a possibilidade do Morumbis ter um dono que não seja o próprio clube.
“O estádio é um equipamento que pode ficar fora de uma possível SAF, como por exemplo no caso do Vasco. O Estádio São Januário não fazia parte do projeto da 777. Então, você tem modelos de negócio para o estádio. O estádio é um equipamento do São Paulo. Eu não consigo imaginar o São Paulo abrindo mão desse equipamento”, concluiu o diretor.
O plano de recuperação econômica do São Paulo não prevê a venda do clube para um dono, mas sim algo gradual. Botafogo, Vasco e Cruzeiro, por exemplo, se tornaram SAF’s como uma forma de “salvarem” de problemas financeiros ainda mais graves do que o Tricolor.
Para isso, foi criado o “Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios São Paulo Futebol Clube” (FIDC). O fundo visa contribuir para o reequilíbrio da saúde financeira do clube e a diminuição das dívidas.
O clube estará praticamente “proibido” de aumentar as dívidas a partir de 2025. Isso porque foi aprovada a criação do “Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios São Paulo Futebol Clube”, que visa controlar a vida financeira do Tricolor.
A proposta para redução das dívidas prevê uma série de gatilhos no projeto, aprovado com mais de 80% de votos favoráveis no Conselho Deliberativo.
Alguns exemplos destes gatilhos são: teto de gastos para investimento no futebol, obrigatoriedade de superávit anual e redução de despesas com salários na administração do clube. A intenção é assegurar a disciplina financeira para tornar o clube saudável a longo prazo.
Existe uma parceria com duas empresas de investimento (Galapagos Capital e OutField), que participaram da idealização do projeto. Investidores poderão aplicar em cotas do fundo, e recebíveis como verbas de direitos de transmissão, naming rights, patrocínios e outras fontes de renda serão usadas como garantias para os investidores.