Ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) do governo Dilma Rousseff (PT), o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva (PT), é transparente ao criticar a forma como o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu se posicionar em alguns temas de sua pauta histórica.
Para o petista, tido como um dos aliados mais próximos de Lula, o partido precisa se lançar no debate de ideias com o bolsonarismo. Num esforço para arrefecer o clima de polarização, o Executivo tem evitado embates ideológicos com a oposição.
O exemplo mais recente é a decisão de Lula de decretar uma espécie de silêncio no último dia 31 de março, data que marcou os 60 anos do golpe.
Convidado desta semana do CNN Entrevistas, o prefeito disse discordar da decisão. Para Edinho, o governo e, principalmente, o PT precisam “fazer o debate” e defender sua visão de mundo em contraponto ao bolsonarismo.
“Nós temos que baixar a polarização. Mas nós não podemos abrir mão da nossa visão de mundo, principalmente o PT”, afirmou o ex-ministro na entrevista, concedida aos analistas da CNN Clarissa Oliveira e Pedro Venceslau.
Quando a gente quer relembrar o golpe de 1964, não estamos atacando ninguém. Até porque temos muitos militares democratas. Se não tivéssemos militares democratas, o 8 de janeiro teria sido um golpe
Edinho Silva
Edinho citou um debate, em especial, no qual se diz “assustado” com o andamento das discussões: o da “saidinha” temporária de presos, tema que entrou na mira em discussão no Congresso.
De acordo com ele, a esquerda tem posição histórica a favor de programas de ressocialização de presos e não pode se furtar do debate.
“A Saidinha. Que saidinha? É um programa de reinserção social de quem cometeu um erro. É a gente oferecer a segunda chance”, disse. “Estamos abrindo mão de algo que sempre nos norteou, que é o humanismo.”
Segundo Edinho, o governo vem tendo dificuldade de “definir uma linha” em sua estratégia de comunicação.
Um erro, na avaliação do ex-ministro, é tentar se igualar ao bolsonarismo em seu desempenho nas redes sociais.
“Redes sociais é um instrumento de formação de opinião. Não é o instrumento de formação de opinião”, afirmou. Segundo ele, a prioridade ainda deve ser a mídia tradicional. “É o que tem mais capilaridade.”
“Se fosse só as redes, a gente teria perdido a eleição em muitos lugares. Não teríamos ganhado a eleição do presidente Lula em 2022”, disse o ex-ministro.
A rodinha se move pela fofoca. Você viu isso, viu aquilo? Isso é natural. As pessoas se movem muito mais por aquilo que chama atenção, que muitas vezes é mentira
Edinho Silva