Na última sexta-feira, 8, o empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto a tiros no Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Ele era delator em investigações sobre lavagem de dinheiro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). As informações são da TV Globo.
Ex-funcionário de uma das maiores construtoras de São Paulo, Gritzbach também foi acusado de mandar matar dois integrantes da facção criminosa, em 2021. Na delação, ele dá detalhes sobre o envolvimento do PCC com o futebol e com o mercado imobiliário.
Oito dias antes de sua execução, ele relatou à Corregedoria da Polícia Civil ter sido roubado por investigadores. A Secretaria da Segurança Pública informou que investiga todas as circunstâncias do caso, mas não comentou eventuais desvios de conduta de agentes públicos.
Empresário ajudava PCC a lavar dinheiro com imóveis
Gritzbach aguardava julgamento em liberdade por acusações de homicídio, embora tenha admitido ajudar o PCC a lavar dinheiro com imóveis. Ele negociava um acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual (MPE), formalizado em abril, e colaborava com as autoridades.
Ele trabalhava na Porte Engenharia e Urbanismo, investigada por vendas de imóveis a traficantes do PCC. A delação revela que executivos da empresa recebiam pagamentos em dinheiro e sabiam de transações com proprietários ocultos.
Além disso, o MPE investiga o uso de imóveis de luxo, carros importados, bitcoins, fintechs e distribuição de combustível pela facção para lavagem de dinheiro. A delação de Gritzbach também inclui mensagens e contratos que conectam dirigentes de empresas de gestão de carreiras de jogadores ao esquema.
Conexões com o futebol e denúncias de corrupção
Embora os crimes investigados não envolvam diretamente atletas, dirigentes ou clubes, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) apura se o narcotráfico financiou a negociação de jogadores. Gritzbach entregou ao Gaeco um áudio que denunciava corrupção policial, gravado sem o conhecimento dos envolvidos.
Conforme a TV Globo, oito dias antes de morrer, ele denunciou à Corregedoria da Polícia Civil o roubo de uma bolsa com R$ 20 mil e uma coleção de relógios de luxo durante sua prisão. Além disso, deu informações sobre a morte de Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como Magrelo ou Cara Preta, do PCC.
Fragmentos finais e ameaças
Gritzbach negava ser o mandante da execução, mas mencionou corrupção policial e suspeitas de propina na investigação da morte de Cara Preta. Durante as negociações de delação, ele relatou uma oferta milionária pela sua morte feita entre membros do PCC.
Ele entregou um áudio aos promotores em que um advogado, associado à liderança do PCC, falava sobre o prêmio pela sua cabeça. A conversa sugere anuência da cúpula da facção. A Secretaria da Segurança Pública afirmou que “todas as circunstâncias do caso são investigadas” e que “as corregedorias das polícias Civil e Militar apuram a atuação de seus agentes no caso”.