Uma negociação internacional resultou na libertação do jornalista americano Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, da custódia russa. A Turquia anunciou ter mediado a troca de prisioneiros entre a Rússia e outros seis países, envolvendo um total de 24 pessoas. A informação foi confirmada pelo jornal dos EUA.
O jornalista americano Gershkovich e o ex-soldado americano Paul Whelan, ambos acusados de espionagem pelo governo da Rússia, estão entre os prisioneiros libertados. O opositor russo Ilya Yashin e o alemão Rico Krieger, preso em Belarus, também foram incluídos no acordo. Em troca, o russo Vadim Kresikov, detido na Alemanha, retornará a Moscou.
Autoridades confirmaram que o jornalista americano Gershkovich e Whelan já estão sob custódia dos Estados Unidos. A troca de prisioneiros, mediada pela Turquia, envolveu sete países: Rússia, Estados Unidos, Alemanha, Polônia, Noruega, Eslovênia e Belarus.
A Organização Nacional de Inteligência da Turquia (MIT) facilitou o diálogo entre os países. “As partes foram reunidas na Turquia em julho de 2024 com a organização do MIT, que utiliza efetivamente a diplomacia de inteligência”, afirmou um representante turco.
Segundo autoridades norte-americanas, esta foi a maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria. “Desde a Guerra Fria, não houve um número semelhante de indivíduos trocados desta forma e nunca, até onde sabemos, houve um intercâmbio envolvendo tantos países, tantos parceiros próximos e aliados dos EUA trabalhando juntos”, declarou o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA em uma coletiva de imprensa.
Prisão de jornalista americano
Gershkovich foi preso em março de 2023 enquanto trabalhava em Ecaterimburgo, sendo condenado no mês passado a 16 anos de prisão por espionagem. Ele se declarou inocente, e tanto o Wall Street Journal quanto o governo dos EUA rejeitaram as acusações, classificando-as como absurdas.
O julgamento de Gerchkovitch, realizado a portas fechadas, teve início em 25 de junho e foi concluído em 19 de julho, um tempo incomumente rápido para tais casos. A promotoria havia solicitado 18 anos de prisão, dos 20 possíveis pelo crime de espionagem.
À época, em nota, o WSJ declarou: “Esta condenação vergonhosa e falsa ocorre depois de Evan ter passado 478 dias na prisão, detido injustamente, longe da sua família e amigos, impedido de reportar, tudo por fazer o seu trabalho como jornalista”.
A possibilidade de uma troca vinha sendo discutida há meses, com longas negociações nos bastidores envolvendo diversos governos. Analistas sugeriram que a prisão de Gershkovich fazia parte de uma estratégia russa para pressionar países ocidentais a libertarem espiões, hackers e assassinos russos.