A ferramenta de rolagem infinita permite que os usuários continuem rolando para baixo em uma página ou aplicativo para visualizar mais conteúdo sem precisar clicar em um botão. Sites e aplicativos de redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter, usam essa ferramenta popularmente.
Essa prática que as empresas adotam mantêm a experiência do usuário fluida e envolvente, mas também pode representar riscos, conforme aponta o jornal da USP.
Para quem tem pressa:
- A rolagem infinita permite aos usuários explorar continuamente o conteúdo em uma página ou aplicativo sem a necessidade de clicar em um botão.
- Redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter popularizaram essa prática, mas ela carrega riscos, sendo o vício o maior deles.
- Leonardo Goldberg, psicanalista do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), destaca que, diferentemente do cotidiano, as redes sociais não têm pausas claras, criando uma sensação de continuidade e urgência.
- No entanto, ele afirma que é possível desenvolver atividades práticas para lidar com esse vício.
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Leonardo Goldberg, psicólogo e psicanalista do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), destaca que as redes sociais não têm pausas claras, ao contrário do tempo na vida cotidiana.
Ou seja, a ferramenta cria uma sensação de continuidade e urgência, incentivando os usuários a permanecerem engajados, mesmo sem novidades imediatas.
Mesmo que o sujeito não encontre nenhuma novidade, a tela vai rolar de uma maneira infinita como se houvesse sempre alguma coisa a mais para aparecer. A noção de tempo nas redes sociais difere da noção de tempo no cotidiano, justamente por não existir um tempo de pausa.
Leonardo Goldberg, psicólogo e psicanalista do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP)
Desafios e vício cotidiano
Goldberg discute a interconexão entre a ubiquidade tecnológica e a rolagem infinita, destacando os desafios dessa relação no cotidiano.
É difícil pensar no que deve ser feito, pois a sociedade já está imersa na tecnologia. Alguns autores chamam de ubiquidade tecnológica, ou seja, a tecnologia ocupa nosso cotidiano de uma maneira quase integral, então é difícil a gente diferenciar o que seria do campo da tecnologia ou não.
O especialista afirma, no entanto, que é possível desenvolver atividades práticas para lidar com esse vício.
Então a relação causa e efeito é determinada de forma colapsa com a ubiquidade tecnológica. Pensar em uma reversão é impossível. Porém, para poder se livrar desse vício a gente realiza atividades práticas, como efeito de algum apelo nas redes sociais, visando a ter uma relação boa com a tecnologia ou como ter uma relação com as próprias redes de uma forma mais saudável, pensando sempre com quem vou interagir e quais aplicativos vou utilizar nessa reeducação.
O papel da psicanálise
No caso de pessoas viciadas em rolagem infinita, o psicólogo afirma que a psicanálise pode ser uma ferramenta útil.
O nosso tratamento, a partir de uma psicanálise, se dá pela escuta de sujeito. O que o sujeito está querendo excluir da sua vida é essa repetição, que muitas vezes não apresenta nada de qualidade para o sujeito, fazendo ter um certo gozo daquilo.
O vício, contudo, se deve a uma satisfação interessante nos primeiros segundos de uso de um aplicativo, que o usuário tenta reaver repetindo o seu uso, mesmo que nessas próximas vezes as satisfações sejam muito empobrecidas, com baixa qualidade. Sendo assim, a busca pela solução para superar o vício se baseia na experiência narrada pelo internauta.