sexta-feira, novembro 22, 2024
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Rochas guardam vestígios da Terra quando era uma “bola de neve”

Um artigo científico recém-publicado no Journal of the Geological Society of London sugere que uma formação rochosa na Europa, que se estende da Escócia até a Irlanda, pode conter indícios valiosos sobre uma antiga “Terra bola de neve”. 

Segundo os autores do estudo, pesquisadores da University College London (UCL), a Formação Port Askaig registra eventos geológicos que remontam a centenas de milhões de anos. Nesse período, acredita-se que a Terra era semelhante a uma bola de neve, devido ao clima extremamente frio.

Em primeiro plano, estão os leitos de calcário da Formação Garvellach pré-glacial. A imagem mira o norte de Garbh Eileach até Dun Chonnuil. Devido à inclinação tectônica, as camadas sedimentares ficam mais jovens e mais próximas do início da glaciação, à medida que você se move para a direita. Crédito: Graham Shields / UCL

A análise da equipe aponta que essa formação é composta por camadas de rocha de até 1,1 km de espessura. Essas camadas são datadas da glaciação Sturtiana, ocorrida entre 662 e 720 milhões de anos atrás. Esse foi o primeiro de dois grandes congelamentos globais que, segundo cientistas, pavimentaram o caminho para o surgimento de vida multicelular.

Na ilha de Garvellachs, no Reino Unido, os pesquisadores identificaram uma parte da formação que se destaca por documentar a transição da Terra de um clima tropical para uma tundra ártica. “Essas rochas registram uma época em que a Terra estava coberta de gelo”, explica Graham Shields, professor de Ciências da Terra da UCL, em um comunicado. Ele destaca que foi desse congelamento profundo que surgiu a vida multicelular complexa, como os animais, com os primeiros fósseis aparecendo logo após o degelo.

Descoberta preenche lacuna importante na história da Terra

O estudo também revelou que as rochas dessa formação preenchem uma lacuna significativa na história da Terra. “As camadas de rocha expostas nos Garvellachs são únicas. Abaixo das rochas depositadas durante a glaciação Sturtiana, há 70 metros de rochas carbonáticas formadas em águas tropicais, documentando um ambiente marinho que gradualmente esfriou”, explica Elias Rugen, principal autor do estudo e doutorando em Ciências da Terra na UCL. 

Essa transição, raramente preservada em outras partes do mundo, foi conservada na Escócia, onde antigas geleiras não apagaram esses registros geológicos.

Tony Spencer, coautor do estudo recente e de um livro de memórias clássico de 1971 sobre as rochas, no depósito glacial da Formação Port Askaig em Garbh Eileach, a maior das ilhas Garvellach. Crédito: Graham Shields / UCL

Os pesquisadores concluíram que o processo de transição entre o avanço e o recuo do gelo foi relativamente rápido, ocorrendo ao longo de milhares de anos devido ao efeito albedo, em que o aumento de gelo reflete mais luz solar de volta ao espaço, contribuindo para o aquecimento global. “O degelo teria sido catastrófico”, comenta Shields, ressaltando que as formas de vida que sobreviveram a esse evento foram os ancestrais de todos os animais.

Amostras de duas camadas de arenito foram coletadas para o estudo, uma do topo da Formação Port Askaig e outra da Formação Garbh Eileach. Os pesquisadores encontraram zircões, minerais duráveis contendo urânio, que permitiram datar as rochas em mais de 60 milhões de anos. Eles consideram essa formação uma das mais representativas do início do Período Criogeniano. 

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Via Olhar Digital

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