O “robotáxi” (táxi autônomo) da Waymo dirigiu em direção ao cruzamento entre a rua Jackson e a avenida Grant, em São Francisco (EUA). O problema? O local fica no coração da Chinatown. E era o primeiro dia do Ano Novo Chinês.
Para quem tem pressa:
- Um táxi autônomo da Waymo foi atacado e incendiado após dirigir em direção a um cruzamento lotado de foliões durante o primeiro dia do Ano Novo Chinês na Chinatown de São Francisco, nos EUA;
- O incidente ilustra os desafios que os veículos autônomos enfrentam ao navegar em eventos públicos e a potencial hostilidade do público contra essa tecnologia por diversas razões;
- Além disso, o incidente sublinha preocupações sobre a capacidade desses veículos de navegar em situações complexas sem comprometer a segurança pública;
- Autoridades locais destacaram a necessidade de regulamentação adicional para veículos autônomos, enquanto outros residentes vêem a tecnologia como uma alternativa mais segura à direção humana;
- A Waymo não comentou sobre as razões pelas quais seu veículo dirigiu em direção ao evento lotado. Especialistas questionam se os carros autônomos devem ser capazes de detectar e evitar áreas com grandes concentrações de pedestres;
- O ataque ao táxi autônomo da Waymo em Chinatown segue outros incidentes envolvendo veículos autônomos em São Francisco, aumentando o debate sobre a coexistência segura de carros autônomos com humanos em espaços urbanos.
Quando o táxi autônomo rumou em direção ao cruzamento, multidões bloqueavam todos os lados e foliões acendiam fogos de artifício, segundo duas testemunhas ouvidas pela Reuters. Minutos depois, algumas pessoas na multidão atacaram o carro e o incendiaram.
‘Robotáxi’ e caos em São Francisco
O incidente destacou tanto a capacidade limitada dos carros robóticos de tomar decisões quanto a hostilidade contra eles por diversos motivos. Entre eles: preocupações com segurança, “roubo” dos empregos de motoristas humanos e medo mais generalizado da inteligência artificial (IA), segundo autoridades e acadêmicos.
“Os motoristas de carro normais sabem que devem evitar a Chinatown durante as festas de Ano Novo Lunar. O computador não entende isso”, disse Aaron Peskin, presidente do Conselho de Supervisores de São Francisco. Ele pede por mais regulamentação voltada aos carros autônomos.
Outros em São Francisco, onde tais veículos se tornaram comuns, apoiam os carros por considerarem sua direção mais segura do que a de motoristas humanos. A prefeita de São Francisco, London Breed, chamou o incidente da Waymo em Chinatown de “ato perigoso e destrutivo de vandalismo” e elogiou o papel da cidade como campo de testes para o desenvolvimento de carros autônomos.
A Waymo não respondeu às perguntas da agência de notícias sobre por que seu carro autônomo, um Jaguar I-PACE equipado com várias câmeras e sensores, dirigiu em direção a um evento público lotado. Bryant Walker Smith, professor da Universidade da Carolina do Sul com especialização em lei de veículos autônomos, disse que o episódio levanta uma questão justa sobre se os carros autônomos podem ou devem ser capazes de detectar áreas lotadas de pedestres e navegar ao redor delas.
Incidentes com táxis autônomos
O incidente com o táxi autônomo da Waymo, pertencente à Alphabet (dona do Google), ocorreu pouco depois de outro incidente, no qual outro carro da Waymo atingiu um ciclista. Em outubro, um veículo autônomo da Cruise, da GM, atropelou e arrastou um pedestre por seis metros. A Califórnia suspendeu posteriormente a licença de teste sem motorista da empresa.
Após o incidente em Chinatown, vídeos da Waymo pipocaram nas redes sociais. Um mostrou um caminhão de bombeiros, a caminho de uma emergência, temporariamente preso atrás de um veículo da Waymo que não conseguiu abrir completamente a passagem. Um porta-voz do corpo de bombeiros confirmou que o veículo bloqueou parcialmente a via.
A polícia de São Francisco investiga o vandalismo do incidente em Chinatown. A motivação dos agressores permanece incerta. Alguns observadores viram o incidente como um sinal de crescente ressentimento contra carros autônomos e outras tecnologias de IA. Já o presidente do Conselho de Supervisores de São Francisco disse que pode não ter sido uma questão “anti-tecnologia”, mas sim apenas travessuras criminosas por “um bando de capangas”.