sexta-feira, novembro 22, 2024
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Rios no Alasca estão ficando laranja

Os rios e riachos do Alasca estão perdendo a cor azul clara e límpida e ganhando tons de laranja enferrujado. Um estudo publicado este mês mostrou que o degelo do permafrost está liberando metais tóxicos na água, com um ritmo acelerado devido ao aquecimento da região.

Rios do Alasca estão ficando laranjas

A mudança de cor dos rios e riachos do Alasca surpreendeu até pesquisadores do Serviço Nacional de Parques, da Universidade da Califórnia em Davis e do Serviço Geológico dos EUA.

Eles realizaram testes em 75 locais afetados na cordilheira Brooks e, de acordo com um estudo publicado na revista Communications: Earth & Environment, descobriram que o tom enferrujado e turvo da água começou entre cinco e dez anos.

O motivo da surpresa foi a causa da mudança de cor: metais como ferro, zinco, cobre, níquel e chumbo (alguns deles tóxicos para os ecossistemas) estão sendo liberados pelo permafrost, o subsolo congelado característico do Ártico, conforme ele derrete.

O fenômeno não é exatamente novidade e já aconteceu em outros locais, como na Califórnia, um local com histórico de mineração. No entanto, o Alasca não se enquadra nisso, o que surpreendeu os pesquisadores.

Este é um processo clássico que acontece em rios no território continental dos EUA que foram impactados por mais de 100 anos, desde algumas das corridas de mineração na década de 1850. Mas é muito surpreendente ver isso quando você está em uma das áreas selvagens mais remotas e longe de uma fonte de mina.

Brett Poulin, coautor do estudo e professor de toxicologia ambiental na Universidade da Califórnia

Visão aérea do rio Kutuk, no Parque Nacional Gates of the Arctic, no Alasca (Imagem: Ken Hill/Serviço de Parques Nacionais)

Então por que os minerais no solo do Alasca?

  • O artigo explicou como o solo Ártico contém nutrientes e metais naturalmente, como carbono orgânico e mercúrio. O aumento das temperaturas faz com que esses minerais presentes no permafrost derretam e encontrem as águas dos rios e riachos;
  • O problema é que a região está aquecendo quatro vezes mais rápido do que o resto do mundo, acelerando também a liberação dos minerais;
  • Segundo Poulin, essa é uma “consequência inesperada” das alterações climáticas;
  • Os pesquisadores usaram imagens de satélite para determinar quando a mudança aconteceu. Eles descobriram que os aumentos mais notáveis foram entre 2017 e 2018, período que coincidiu com as temperaturas mais altas registradas na época;
  • Ainda, a descoloração levanta preocupações sobre como o derretimento acelerado do permafrost afeta comunidades que precisam dos rios e riachos para beber e pescar, e como pode impactar a vida aquática, que serve para a pesca e alimentação.
Visão aérea do rio Kutuk, no Parque Nacional Gates of the Arctic, no Alasca (Imagem: Ken Hill/Serviço de Parques Nacionais)

Rios do local não são os únicos passando por isso

Como lembrou a CNN, o Alasca não é o único estado americano passando por esse fenômeno.

Um estudo do mês passado mostrou como as Montanhas Rochosas no Colorado estão observando o mesmo efeito – e diante de uma razão parecida: aumento da temperatura local.

A pesquisa revelou como concentrações de sulfato, zinco e cobre estão aumentando em 22 riachos locais nos últimos 30 anos. Uma das causas é a redução do fluxo de água e a outra é o degelo do solo congelado, como no caso do Alasca.

Outros documentos já haviam mostrado como outras regiões ao redor do mundo também são afetadas. Os Andes chilenos, os Alpes europeus e os Pirenéus, no norte da Espanha, também estão enfrentando aumento da concentração de metais em cursos d’água. Algumas regiões foram expostas à mineração décadas atrás, como na Califórnia, mas as alterações climáticas também têm parte nisso.

Agora, os pesquisadores do Alasca continuarão estudando o fenômeno para entender os impactos na vida aquática e humana.

Via Olhar Digital

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