O clima deste ano tem sido marcado por extremos no Brasil. Nesta semana, a natureza presenteou a cidade do Rio de Janeiro com águas tão cristalinas e em tons turquesa e esmeralda que lembram o Caribe. Um mar paradisíaco, com tartarugas, arraias e cardumes, que promete ficar ainda mais azul e transparente nos próximos dias.
Embora a fauna marinha carioca seja comum, a água raramente é tão clara a ponto de permitir a visualização dos animais. Nesta semana, no entanto, banhistas brincaram com peixinhos na altura da cintura no Arpoador, e tartarugas foram vistas desde a Marina da Glória até os costões da Niemeyer, no Rio de Janeiro.
Segundo especialistas, essa clareza da água resulta da combinação ideal de tempo seco, ventos e ondas. O tempo seco por si só não foi suficiente para transformar o Rio de Janeiro em um Caribe. As informações são do jornal O Globo.
A falta de chuva desde o início de maio reduziu a vazão dos rios, que normalmente trazem lixo e esgoto, mantendo a água mais limpa. A contribuição do desvio do Rio Carioca para o emissário submarino também foi fundamental.
Os ventos do sul e sudoeste foram cruciais para trazer a água limpa do oceano para a costa, explica Ricardo Gomes, biólogo marinho e diretor do Instituto Mar Urbano.
Segundo o biólogo marinho e documentarista Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano, os ventos sopraram sem a habitual companhia da chuva, em decorrência do bloqueio atmosférico.
O especialista explicou que foi esse bloqueio que ocasionou a tragédia no Rio Grande do Sul, trouxe seca para o Sudeste e o Centro-Oeste, além de impedir a chegada das frentes frias que “normalmente” trazem a chuva.
Calma no mar do Rio de Janeiro
Flavia Lins de Barros, coordenadora do Laboratório de Geografia Marinha da UFRJ, acrescenta que a calma do mar e a ausência de ondas também contribuíram para a transparência das águas.
“O mar do Rio está maravilhoso, digno de ser chamado de paraíso”, disse.” E um dos motivos é a falta de ondas, incomum nesta época. O mar está um espelho, quase nem espuma tem. A espuma atrapalha muito a visibilidade por remexer a areia e aumentar a turbidez da água.”
Ela explica que a temporada de ressacas no Rio geralmente vai de maio a setembro, mas este ano foi atrasada pelo bloqueio atmosférico que impede a passagem das frentes frias que costumam agitar o mar.
O céu limpo e azul também contribui para o tom turquesa da água. “O mar sem ondas reflete ainda mais o azul do céu e o verde dos costões, que ganham águas esmeralda. Está um espetáculo”, afirmou a especialista.
Ricardo Gomes concorda e acrescenta que a situação pode melhorar nos próximos dias se os ventos do sudoeste continuarem a soprar sem chuva. “Já faz um mês que a água está muito boa. Esta semana ficou melhor”, analisou.
“Mas, se o vento sudoeste voltar a entrar sem chuva e com força, trará mais água do oceano aberto; os tons que agora estão esmeralda e azuis poderão se tornar arroxeados. Ficará ainda mais lindo”, acrescentou.
O fenômeno observado no Rio de Janeiro não apenas encantou os banhistas, mas também trouxe uma rara oportunidade de apreciar a beleza natural do litoral carioca em todo seu esplendor. A expectativa é que os próximos dias continuem a surpreender com as águas cristalinas e a rica fauna marinha.