Participação em reuniões suspeitas e o pedido de revisão da chamada minuta do golpe são até agora as principais evidências de que a Polícia Federal dispõe sobre a eventual participação do ex-presidente Jair Bolsonaro em uma trama visando um golpe de Estado.
As informações foram colhidas pela CNN com investigadores e também estão disponíveis na decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou a Operação da PF de hoje.
Na decisão, obtida pela CNN, Moraes afirma que as investigações revelaram que “Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto apresentada por Felipe Martins e Amauri Feres Saad para executar um golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e ao final decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais o ministro Alexandre de Moraes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e, por fim, determinava a realização de novas eleições”.
O documento afirma ainda que “posteriormente foram realizadas alterações a pedido do então presidente permanecendo a determinação de prisão do ministro Alexandre de Moraes e a realização de novas eleições”. Na visão dos investigadores, fica claro que, ao pedir mudanças, Bolsonaro efetivamente participou e não apenas ouviu.
Ainda não é possível saber como a PF obteve essas informações — se apenas por meio da delação de Mauro Cid ou se há outros elementos de confirmação.
Procurada, a defesa de Bolsonaro ainda não respondeu se ele recebeu e pediu alteração na minuta do golpe.
As reuniões supostamente golpistas também fazem parte, na visão da PF, do arcabouço de evidências contra Bolsonaro.
Dentro da linha do tempo feita pelos investigadores, são elencadas pelo menos duas reuniões. A primeira ainda é uma transmissão ao vivo feita pelo presidente ainda em meados de 2021, em que ele demonstra indícios de ocorrência de fraudes e manipulações de votos em eleições brasileiras, decorrentes de supostas vulnerabilidades do sistema eleitora.
A segunda é uma reunião de cúpula do governo federal ocorrida em julho de 2022, comandada por Bolsonaro na qual são apresentadas a integrantes de alto escalão do governo alegações inverídicas de fraude e manipulação, proferidos ataques contra o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros do Supremo Luiz Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes.
Bolsonaro teria dado a orientação para que as informações inverídicas fosse replicadas.
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