Motoristas de ônibus de São Paulo decidiram na sexta-feira 28 entrar em greve e paralisar as atividades da categoria a partir da meia-noite da quarta-feira 3 de julho na capital paulista. O movimento é liderado pelo SindMotoristas, entidade que representa a categoria, que inclui motoristas, cobradores e demais funcionários do setor de manutenção e fiscalização.
Antes da greve, porém, duas reuniões entre as partes — trabalhadores e categoria patronal — estão marcadas para esta terça-feira, 2, que podem mudar os rumos da paralisação. Um acordo ainda é possível.
De acordo com o SindMotoristas, que está em campanha salarial há mais de um mês, o SPUrbanuss, sindicato que representa as empresas, ainda não apresentou nenhuma proposta nas negociações capaz de desmobilizar o movimento.
O primeiro encontro, marcado para as 10h, será uma reunião técnica mediada pelo Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP). O encontro foi um pedido da SPTrans e vai reunir representantes da Câmara Municipal, do Tribunal Regional do Trabalho (TRE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), também convocados
Pouco depois, às 11h, haverá um encontro entre SindMotoristas e SPUrbanuss. A reunião é uma audiência de conciliação convocada pela Justiça do Trabalho a pedido dos trabalhadores.
O desembargador Davi Furtado Meirelles, do TRT, diz no despacho que, segundo o SindMotoristas, ao final de junho, não houve “avanços nas negociações coletivas” entre as partes, e que “nada de concreto foi apresentado ao sindicato” por parte da categoria patronal.
Sindicato patronal diz que greve de ônibus em São Paulo afronta decisão da Justiça
Para que a greve de quarta-feira seja desmobilizada, não basta apenas as partes entrarem em um acordo. O SindMotoristas teria de levar a possível nova proposta em assembleia para ser votada pelos trabalhadores. Em caso de negativa, a decisão sobre paralisação pode continuar valendo.
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss), entidade que representa parte das empresas responsáveis pelo serviço na capital, disse em nota que “está incrédulo com a decisão do Sindicato dos Motoristas” de fazer uma greve para a próxima quarta.
“O Sindicato dos Motoristas está afrontando o TRT e o que poderá ser decido na audiência. É um desrespeito à Justiça ou uma forma descabida de pressionar o TRT”, disse o SPUrbanuss.
Prefeitura pede liminar para manter 100% da frota em horário de pico
Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que foi à Justiça de Trabalho, junto com a SPTrans, e pediu uma tutela cautelar para que 100% da frota de ônibus funcione no horário de pico e 80% nos demais horários. A Justiça ainda não decidiu.
“A SPTrans reforça a necessidade de atendimento aos 7 milhões de passageiros dos ônibus para que não sejam prejudicados e tomou as medidas judiciais necessárias em favor da população”, diz o comunicado.
Sobre as motivações dos trabalhadores, a prefeitura afirmou que “apenas acompanha a negociação entre as partes e espera que os representantes da categoria e dos empresários encontrem um ponto em comum na campanha salarial sem prejuízo aos passageiros”.
No mês passado, os trabalhadores do setor rodoviário votaram e aprovaram uma greve para o começo de junho, mas recuaram depois de um acordo com o SPUrbanuss, em audiência de conciliação na Justiça do Trabalho.
A principal reivindicação dos trabalhadores é uma redução da jornada de trabalho para 6,5 horas trabalhadas com mais 30 minutos remunerados. “Este é o carro-chefe das demandas da categoria”, disse a assessoria do SindMotoristas.
Na lista de reivindicações, também estão um reajuste salarial de 3,69% pelo IPCA-IBGE mais 5% de aumento real; cesta básica de qualidade; correção do Programa de Participação nos Resultados (PPR) de R$ 1,2 mil para R$ 2 mil; e melhorias no vale-refeição, no seguro de vida, nos convênios médico e odontológico, além de revisão dos valores do auxílio funeral.
Redação Oeste, com informações da Agência Estado