Enquanto penso nas possibilidades de 2025, também olho para o ano que passou: 2024 foi mais um daqueles períodos intensos, cheio de reviravoltas, mas com resultados recompensadores. Foi o ano em que o CNN Viagem & Gastronomia ultrapassou o marco de 100 episódios e que alcançou recorde de audiência.
Mais duas temporadas com destinos internacionais vieram, assim como um episódio especial sobre a nossa incrível capital Brasília e uma minitemporada em que percorri as maravilhas do litoral e do interior do Rio de Janeiro. Em números, pisei em três continentes, 13 países e em mais de 30 cidades ao longo de 19 episódios.
Entre uma viagem e outra, a gastronomia e a vida cultural sempre foram as facetas que busquei esmiuçar para você, querido leitor e telespectador. Mas como o mundo não para de nos surpreender, fui além. Neste ano também enfrentei certos medos e, junto da equipe do CNN Viagem & Gastronomia, mostrei destinos nada óbvios.
Na Lapônia, acima do Círculo Polar Ártico, fiquei cara a cara com lobos selvagens. No Botsuana, leões me encaravam a pouquíssimos metros do carro e até um leopardo passou ao meu lado. Já na Argélia, no Norte da África, o grupo em que estava foi um dos primeiros a experimentar a lenta reabertura turística deste país, que se revelou complexo, delicado e também admirável.
Foram aventuras que fizeram o coração bater mais rápido e elevaram a adrenalina, experiências que merecem ser compartilhadas. Com essa mesma paixão, o CNN Viagem & Gastronomia segue em busca de destinos arrebatadores para 2025. Enquanto preparamos os próximos episódios, convido você a embarcar comigo nesta retrospectiva de 2024:
Episódio especial de Brasília
Palco da política nacional, a capital brasileira completou 64 anos em abril e se consolidou não apenas como um centro de decisões, mas também como um destino vibrante, onde arquitetura, arte e gastronomia se entrelaçam de forma única. Foi esse lado pulsante da cidade que quis destacar no episódio especial em celebração ao seu aniversário.
Totalmente planejada, Brasília é recheada de edificações modernistas que a transformam em um museu a céu aberto. Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, hoje a cidade é terreno fértil para atrativos como parques, restaurantes, hotéis, museus, palácios e igrejas. Para tudo isso e muito mais, confira um guia completo da cidade.
7ª temporada: de Portugal a Lapônia
Algarve a Sevilha, entre Portugal e Espanha
A 7ª temporada do CNN Viagem & Gastronomia começou em cima do mar, mais especificamente na costa portuguesa. A bordo do luxuoso e íntimo SH Diana, novíssimo navio da Swan Hellenic, parti da capital Lisboa para o pitoresco Algarve e, depois, para a cultural e gastronômica Sevilha.
Em terras portuguesas, passei por Portimão, Lagos e Sagres, onde praias de águas transparentes e falésias dramáticas convivem na paisagem. Mas o Algarve vai além: resquícios históricos, como fortalezas, igrejas, farol e centrinhos imaculados fazem parte da jornada.
Já em terras espanholas, Sevilha é um tesouro. Capital da Andaluzia, a cidade é berço do flamenco e onde as tapas fazem parte da identidade local. Construções góticas, renascentistas e no estilo mudéjar ficam lado a lado, onde a influência árabe também dá as caras. A boa gastronomia é intrínseca à cidade, portanto, onde comer em Sevilha é uma questão que deve ser levada a sério.
Marrocos, Argélia e Tunísia: o Norte da África
Depois de Portugal e Espanha, o Norte da África se fez presente no roteiro do SH Diana. Marrocos foi a primeira parada com as descobertas no Tânger. Situada no Estreito de Gibraltar, a cidade foi ponto de encontro de diversas civilizações, que deixaram aqui a medina, palácios, uma forte cultura de cafeterias e heranças hispânicas e mouras na arquitetura.
Depois, a parada na Argélia, o maior país da África em termos de tamanho, se revelou uma jornada fora do comum. A uma curta distância da Europa, o país possui belas praias, deserto e patrimônios da Unesco, mas o choque cultural fala mais alto por conta do turismo, que ainda engatinha e que possui um caráter geopolítico. Orã, Argel e Bejaia foram as cidades visitadas, cada uma com características únicas, mas igualmente desafiadoras e recompensadoras.
Por fim, a passagem pelo Norte do continente se deu em Túnis, capital da Tunísia. Com mais de 600 mil habitantes, a cidade exibe ruínas romanas de 9 a.C. e uma medina cheia de mesquitas e palacetes que ecoam tempos áureos de uma das primeiras cidades árabe-muçulmanas do Magrebe. Tanto as ruínas quanto a medina são Patrimônios da Unesco.
Sicília, na Itália
Uma viagem a Sicília pode ser definida por muita história, comida, calor e alegria. No sul da Itália, a maior ilha de todo o Mediterrâneo foi palco de disputas, de impérios e de civilizações, com marcas deixadas por fenícios, gregos, romanos, mouros e espanhóis na gastronomia e na arquitetura.
Além das maravilhas de Palermo, com monumentos, ruas históricas, restaurantes saborosos e hotel em palácio do século 19, aproveitei para dar uma escapada a cidades nos arredores, como Cefalù e Siracusa. No caminho, fui muito bem acompanhada de muito gelato e de cannoli.
Taormina e o vulcão Etna, na Itália
Minha despedida da Sicília se deu em Taormina, uma joia repleta de história e de cenários pitorescos. Uma das localidades mais visitadas da ilha italiana, a cidade equilibra hotéis e restaurantes requintados com história bem preservada, assim como serve de base para descobertas no Etna, o vulcão ativo mais alto da Europa.
O interesse em Taormina aumentou após a repercussão de “The White Lotus”, em que vale a pena ver e colocar os cantinhos da ficção no roteiro. Mas a série é apenas um ponto de partida para descobrirmos as maravilhas daqui, que, além de pontos turísticos e praias, compreendem hotéis históricos com vistas para o Mar Jônico e um roteiro gastronômico com restaurantes repletos de peixes, frutos do mar frescos e massas caprichadas.
Noruega: aurora boreal e fiordes
Repleta de fiordes e de muita beleza natural, a Noruega é uma terra gelada, principalmente no outono e no inverno, mas que consegue nos aquecer através de sua cultura, que se reflete na comida e na história preservada dos povos originários. Também um dos melhores países para avistarmos a aurora boreal.
Em dois episódios do CNN Viagem & Gastronomia, percorri localidades como Tromsø, a capital da aurora boreal e porta de entrada para o Ártico. Também estiquei uma visita a Alta, a 400 quilômetros acima do Círculo Polar Ártico, que possui até catedral dedicada a aurora boreal.
Para finalizar a aventura, fui descendo o país e ancorando em locais como Sortland, Flåm e Bergen, com paisagens de tirar o fôlego, como fiordes gigantescos, e direito a visita a produção do famoso salmão norueguês e experiências em uma vila viking.
Copenhague, na Dinamarca
Moderna e tradicional, sofisticada e agradável, Copenhague carrega uma série de adjetivos que são melhor experimentados in loco. Ao longo do tempo, a capital da Dinamarca se desenvolveu para ser o centro cultural, econômico e governamental do país e é uma das melhores cidades para se viver e comer no mundo.
Assim, uma abundância de endereços históricos e culturais agitam a vida social da cidade e a hotelaria capricha em nos receber muito bem ao misturar o novo e o antigo de maneira ímpar – tudo com toques minimalistas do design escandinavo. Na gastronomia, restaurantes premiados se enfileiram no rol de melhores do mundo e levam a cabo a sazonalidade e a sustentabilidade – o badalados Noma e Geranium, por exemplo, chamam Copenhague de lar.
Estocolmo, na Suécia
A jornada pela Escandinávia ainda abrangeu roteiros por outros grandes centros urbanos, como Estocolmo, capital e maior cidade da Suécia. Ela respira cultura e gastronomia e esbanja beleza por suas ruas e ilhas. Seu centrinho velho, a catedral e até a prefeitura merecem uma visita, e a diversidade de museus impressiona, já que até museu dedicado ao grupo musical Abba faz sucesso por aqui.
Como o resto da Escandinávia, a gastronomia também é assunto sério. De mercadão a brasserie, passando por casas estreladas pelo Guia Michelin e até um restaurante que funciona no mesmo local desde 1722, a cena gastronômica de Estocolmo combina tradições escandinavas com o máximo respeito pela sazonalidade e pelas matérias-primas locais.
Lapônia: lobos selvagens e povos originários
Por fim, a temporada encerrou-se na “terra do Papai Noel”, a Lapônia, que abrange o norte da Escandinávia em partes da Noruega, Suécia, Finlândia e até da Rússia. A maior parte fica acima do Círculo Polar Ártico, em que percorri a porção sueca e norueguesa da região.
Na parte sueca, na área de Kiruna, há o Icehotel, o hotel de gelo original, erguido com 2.500 blocos, cada um com duas toneladas. Em Björkliden, estação de esqui em meio a picos nevados, foi a vez de caçar a aurora boreal.
Já na porção norueguesa, a cidade de Narvik nos oferece atividades ao ar livre, além de uma linha de trem entre as mais cenográficas do mundo e até um museu que remonta a 2ª Guerra Mundial. Mas é em Bardu que fica uma das experiências mais interessantes: o Polar Park, um centro de pesquisas que é lar para ursos, lobos, linces, alces e renas, em que podemos vê-los cara a cara.
Minitemporada com o melhor do estado do Rio de Janeiro
A cúpula do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, desembarcou na Cidade Maravilhosa em meados de novembro para debater desigualdades, sustentabilidade e mecanismos de financiamento para o combate às mudanças climáticas. Tendo em vista que o Rio de Janeiro foi o centro das atenções mundiais, nada melhor do que mostrar o nosso potencial turístico para além do município.
Para tanto, percorri os cantinhos mais especiais do litoral, do interior e da serra fluminense. Foram dois programas ao ar, que contemplaram destinos ensolarados como Angra dos Reis, Búzios e Paraty e cidades carregadas de história e natureza da Serra Fluminense, do Vale do Café e da Serra da Mantiqueira. Em cada localidade, te faço um convite para desacelerar e se deliciar com os sabores regionais.
8ª temporada: do Atacama ao Botsuana
Deserto do Atacama, Chile
No norte do Chile, o Atacama surpreende pelas paisagens áridas, atmosfera mística e formações geológicas. Os cenários plurais, que abrangem vulcões, cânions, montanhas, desertos de sal e uma vida animal e vegetal variada, foram o ponto de partida para a 8ª temporada.
Destino queridinho entre os brasileiros, o Atacama surpreende também para além do óbvio. Foi isso que mostrei em dois episódios, em que percorri o menos conhecido Vallecito, uma alternativa ao Valle de la Luna, assim como fiz um trekking na confluência do Rio Salado, conferi a explosão dos Gêiseres de Tatio e testemunhei a beleza do Vale dos Cactos.
Tudo foi finalizado com tours astronômicos de arrepiar e com hospedagens no meio do deserto de tirar o chapéu, como o Awasi Atacama e o Nayara Alto Atacama.
Cidade do Cabo, África do Sul
Uma das três capitais da África do Sul, a Cidade do Cabo é uma bem-vinda porta de entrada para os sabores e as mais incríveis paisagens do país. Culturalmente diversa, a cidade nos recebe de braços abertos com praias, montanhas e restaurantes que têm transformado a cena local.
Em dois episódios, pude mergulhar na gastronomia e conferir os cartões-postais que fazem sua fama. A começar, a Table Mountain, maciço em forma de mesa, é onipresente no cenário e oferece vistas de tirar o fôlego. A praia de Camps Bay e o vibrante porto de V&A Waterfront são imperdíveis, assim como as vinícolas do entorno são uma desculpa perfeita para esticar o passeio.
Aqui também fica o melhor hotel da África, título concedido neste ano pelo The World’s 50 Best Hotels ao Belmond Mount Nelson, um marco histórico de fachada cor-de-rosa que nos recebe com conforto e personalidade.
Delta do Okavango, Botsuana
Acima da África do Sul, o Botsuana é um país que nos presenteia com uma natureza arrebatadora, sendo lar de majestosas espécies do Reino Animal. As paisagens exuberantes são permeadas pelo Deserto Kalahari e pelo Delta do Okavango e, para se ter noção, o país tem uma das maiores populações de elefantes do mundo, com estimativa de cerca de 150 mil indivíduos.
Com dois programas, me despedi da 8ª temporada do CNN Viagem & Gastronomia e também do ano de 2024. Parques nacionais e hospedagens únicas em meio à savana fazem parte dos atrativos turísticos, a exemplo do Parque Nacional de Chobe, onde fica o Belmond Savute Lodge, e as planícies aluviais de parte do Delta do Okavango próximas ao Belmond Eagle Island.
O encontro cara a cara com animais selvagens e a imersão na cultura local resultaram em uma viagem profunda, cheia de transformações pessoais. É com esse legado que continuo as jornadas pelo mundo em 2025.
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