O advogado Diego de Lima Gualda não é mais o representante da rede social Twitter/X no Brasil. A saída dele, que oficialmente respondia pelo cargo de diretor jurídico da plataforma para a América Latina, se dá em meio à revelação dos documentos envolvendo decisões judiciais contra a empresa, sobretudo em meio ao processo eleitoral de 2022.
A informação de que Lima Gualda não integra mais a equipe do Twitter/X consta na ficha da empresa na Junta Comercial de São Paulo. De acordo com o site g1, a renúncia dele à função ocorreu na última segunda-feira, 8.
O próprio executivo atualizou o seu perfil no LinkedIn. Nela, consta a informação de que ele trabalhou no Twitter/X até abril deste ano. Baseado na capital paulista, Lima Gualda havia entrado para a big tech em junho de 2021.
Lima Gualda sai da equipe de funcionários do Twitter/X dias depois de ele se ver como personagem do material conhecido como “Twitter Files Brazil”. Revelada pelo jornalista norte-americano Michael Shellenberger em 3 de abril, a série de conteúdos mostra colaboradores da rede social no país — incluindo seu então diretor jurídico — reportando pressões por parte do Poder Judiciário brasileiro para a plataforma expor dados de usuários, além de ser obrigada a derrubar perfis e monitorar hashtags.
Executivo do Twitter reclamou do TSE em e-mails
O advogado é, por exemplo, um desses colaboradores. Em março de 2022, por exemplo, ele compartilhou enviou e-mails com seus pares. Nas mensagens, ele afirma que a Polícia Federal estaria investigando a promoção de determinadas hashtags. Além disso, avisou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pressionava para ter acesso a informações confidenciais de usuários da rede.
Nesse sentido, ainda afirmou ter se encontrado com um juiz e que estava sob “muita pressão” do TSE. Não consta nos e-mails enviados por Lima Gualda o nome do magistrado com o qual teria se encontrado. Shellenberger, no entanto, avisa que a reunião do executivo do Twitter/X foi com o ministro Alexandre de Moraes, que já integrava o Supremo Tribunal Federal e meses depois, em agosto de 2022, assumiria a presidência do STF.
A partir da revelação do “Twitter Files Brazil”, o empresário Elon Musk, que finalizou a compra da rede social em outubro de 2022, passou a fazer críticas ao Judiciário brasileiro, a Moraes e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com ele, o país enfrenta processos de censura, o magistrado se comporta como “ditador” e lembrou que o petista teve de encarar temporada na prisão.
Quem é Diego de Lima Gualda
Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e mestre em ciências políticas pela Universidade de São Paulo, Diego de Lima Gualda soma experiências em mídias digitais e plataformas de tecnologia. Antes do Twitter/X, foi, por exemplo, conselheiro jurídico e gerente no Yahoo. Também atuou como gestor da área jurídica do aplicativo 99. Além disso, ele já foi conselheiro do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, sócio do escritório Machado Meyer Advogados e professor de Direito, sociologia e ciências políticas na Universidade São Judas Tadeu.