Como parte do recente esforço em abordar avistamentos misteriosos de maneira mais aprofundada e séria (que o Olhar Digital explica aqui), o Departamento de Defesa dos EUA (DoD) acaba de divulgar o mais recente relatório do Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios (AARO) sobre os antes chamados de OVNIs.
Atualmente, a nomenclatura oficial foi alterada de “objetos voadores não identificados” para “fenômenos anômalos não identificados” (UAP, na sigla em inglês). A razão da mudança foi para abranger a variedade de eventos observados em diferentes ambientes, incluindo não apenas o ar, como também o espaço e os oceanos.
Em resumo:
- Relatório dos EUA revela centenas de avistamentos de UAPs em um ano;
- Maioria dos incidentes foi atribuída a balões, drones e satélites, sem evidências de vida extraterrestre;
- Casos como um quase acidente envolvendo um avião comercial estão sendo investigados;
- Um novo sistema de sensores, chamado GREMLIN, foi projetado para melhorar a detecção de objetos estranhos.
Maioria dos avistamentos foi no ar
Publicado na última quinta-feira (14), o relatório cita 757 incidentes reportados entre maio de 2023 e junho de 2024, detalhando tanto os avanços nas investigações quanto os desafios contínuos na identificação dessas ocorrências.
Segundo o documento, 708 avistamentos foram no ar, e 49 no espaço. Não houve relatos no oceano. Os fenômenos observados foram descritos como luzes no céu (65%), esferas ou objetos arredondados (22%) e a clássica forma de disco, característica comum em muitos relatos de OVNIs (1%).
Embora a quantidade de avistamentos seja alarmante, o relatório deixa claro que não há evidências de vida extraterrestre ou de tecnologias alienígenas em nenhum dos casos. A maioria dos incidentes investigados foi resolvida com explicações banais.
Dos 49 casos encerrados após uma análise mais aprofundada, 70% foram atribuídos a balões. Drones, pássaros, satélites e aeronaves também foram apontados como causas. Algo que chama bastante a atenção no relatório é o número crescente de ocorrências relacionadas aos satélites da megaconstelação Starlink, da SpaceX.
Além dos casos solucionados, 243 foram recomendados para arquivamento, mas que ainda vão passar por uma revisão detalhada por especialistas antes de uma decisão final.
Ainda existem 444 casos não concluídos devido à falta de dados suficientes para um desfecho definitivo. Esses incidentes estão sendo analisados para identificar padrões que possam surgir ao serem comparados com outros avistamentos.
O documento do AARO também classificou 21 incidentes como “anômalos”, ou seja, avistamentos com características ou comportamentos que merecem uma análise mais aprofundada. Segundo o órgão, esses fenômenos podem estar relacionados a tecnologias aeroespaciais avançadas, desenvolvidas por outros países, “e estão sendo investigados com a colaboração de parceiros de inteligência, ciência e tecnologia”.
Um dos casos de destaque envolveu a tripulação de um voo comercial que quase colidiu com um objeto cilíndrico próximo à costa de Nova York. Essa ocorrência está sob investigação.
O relatório também diz que drones têm sido uma preocupação crescente para a segurança. Dezoito casos de drones sobrevoando áreas protegidas foram registrados, incluindo uma instalação nuclear na Virgínia, onde os equipamentos transitaram por seis noites consecutivas em outubro de 2023. Em outro incidente, um drone caiu e foi recuperado pela polícia, que ainda investiga sua origem e propósito.
Para melhorar a coleta de dados e identificar fenômenos com maior precisão, o AARO está implementando um novo sistema de sensores chamado GREMLIN. Essa tecnologia combina radar 2D e 3D, GPS, câmeras infravermelhas e rastreamento de voo ADS-B, permitindo detecções e análise mais eficazes.
Um primeiro teste foi realizado em março, e um experimento mais extenso está programado para ocorrer em uma área de segurança nacional nos próximos meses, segundo o DoD.
Embora o relatório descarte a possibilidade de vida extraterrestre, a introdução da nomenclatura UAP e a continuidade das investigações mostram que a questão ainda apresenta muitos mistérios a serem resolvidos, com implicações para a segurança e a ciência.