Monitoramento da Quaest sobre mensagens relacionadas à guerra entre Israel e Hamas mostram um reequilíbrio no debate entre usuários das redes sociais favoráveis e contrários ao país.
Um dos principais fatores desse movimento foi a reação a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas quais ele comparou a campanha militar israelense aos ataques terroristas perpetrados em 7 de outubro.
Desde o início do conflito, a Quaest mede em diversas plataformas (Facebook, Instagram, Twitter e TikTok) o teor de postagens pró ou anti-Israel. Logo após o massacre de civis por militantes do Hamas, a proporção de mensagens favoráveis às vítimas do ataque era da ordem de 4 para 1 e se manteve predominante em quase todo o mês de outubro.
A partir de novembro, porém, a redução do volume de conteúdos postados e com o aumento da força usada pelos militares israelenses na incursão da Faixa de Gaza, aumentaram as críticas ao governo de Israel e o apoio aos palestinos, invertendo a proporção do início do conflito.
Foi nesse contexto e após a repatriação de brasileiros que estavam retidos em Gaza e conseguiram voltar ao país que Lula endureceu a retórica em relação a Israel.
“O Hamas cometeu um ato terrorista e fez o que fez. Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra, que as mulheres não estão em guerra. Eles não estão matando soldados, estão matando crianças”, disse o presidente na noite de segunda-feira (13) ao recepcionar, em Brasília, os repatriados de Gaza.
A comparação foi considerada “equivocada e perigosa” pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) e rebatida pela comunidade judaica no país.
Além disso, as declarações do petista foram duramente criticadas pela oposição ao governo. Foi essa reação, de acordo com Felipe Nunes, CEO da Quaest, que fez o pêndulo pró-Israel reequilibrar na análise das publicações nas redes sociais, chegando a um empate na quarta-feira (15), o que não se via desde o início deste mês.
Outro fator apontado por Nunes é a divulgação, pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), de vídeos com armas e munição dentro de um hospital na Faixa de Gaza – o Hamas é acusado de usar unidades de saúde como escudo humano e como esconderijo de seus suprimentos militares.
Essa mobilização pró-Israel em resposta a Lula ocorre paralelamente a outra disputa de narrativas nas redes entre governo e oposição.
No caso da repatriação de brasileiros que estavam em Gaza, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram vinculá-lo à autorização para que o grupo de 32 pessoas pudesse cruzar a fronteira com o Egito.
Na quinta-feira passada (9), após Bolsonaro ter encontrado o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, no Congresso Nacional, apoiadores do ex-presidente fizeram uma série de publicações nas redes sociais alegando que a atuação do ex-mandatário teria ajudado na autorização dada aos brasileiros em Gaza.
O governo federal reagiu também por meio de redes sociais, mas chegou a perder quase 30% do espaço nas publicações para conteúdos pró-Bolsonaro nos dias subsequentes.
Com a autorização de fato para que o grupo cruzasse a fronteira e pudesse embarcar no avião presidencial rumo ao Brasil, o governo Lula conseguiu retomar os patamares anteriores de mensagens pró-Lula nesse episódio.
A oposição, no dia 13, passou a atuar tanto em prol de Israel quanto nas críticas ao ministro da Justiça, Flávio Dino, após a revelação de que a mulher de um traficante vinculado ao Comando Vermelho no Amazonas manteve reuniões com integrantes da pasta.
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