Esqueça os cães farejadores: em breve, ratos gigantes treinados podem estar nos aeroportos ajudando a deter o contrabando de animais ameaçados de extinção. Isso é o que sugere uma equipe de pesquisadores em um novo estudo publicado recentemente na revista Frontiers in Conservation Science.
Entenda:
- Ratos gigantes podem ser usados para deter o contrabando de produtos extraídos de animais ameaçados de extinção — como escamas de pangolim, chifres de rinoceronte, presas de elefante.
- Pesquisadores de um novo estudo treinaram ratos-gigantes-africanos (Cricetomys gambianus) para detectar o odor das mercadorias contrabandeadas;
- Os roedores conseguiram encontrar os produtos ilegais mesmo misturados a itens comuns – como cabos elétricos e detergente;
- Além de um bom custo-benefício, os ratos gigantes (cujo comprimento alcança cerca de 75 cm) podem acessar espaços pequenos com facilidade.
O novo estudo envolveu o treinamento de ratos da espécie Cricetomys gambianus (popularmente conhecidos como rato-gigante-africano), cujo comprimento máximo é de cerca de 75 centímetros. Para fins de comparação, um rato comum costuma alcançar, em média, de 18 a 25 centímetros.
Ratos gigantes detectam produtos animais destinados ao contrabando
No experimento, os ratos gigantes foram treinados para farejar aromas tanto de produtos como cabos elétricos, detergentes e café (usados para mascarar o cheiro dos materiais contrabandeados), quanto de marfim de elefante, escamas de pangolim (espécie de mamífero) e outros itens de animais sob ameaça de extinção.
Como explica Isabelle Szott, coautora do estudo, em um comunicado via Phys.org, os recursos atuais de triagem de produtos são caras e não dão conta do volume de itens. “Os ratos são ferramentas de detecção de odores com boa relação custo-benefício. Eles podem acessar facilmente espaços apertados, como carga em contêineres de transporte lotados, ou para examinar os sistemas de ventilação de contêineres lacrados.”
O objetivo da equipe agora é equipar os ratos gigantes com coletes especiais que emitem um sinal sonoro em casos de detecção dos produtos ilegais de vida selvagem. A expectativa é de que os roedores ajudem a não apenas capturar os criminosos, mas também deter outros tipos de crimes relacionados ao contrabando.
“O contrabando de vida selvagem é frequentemente conduzido por indivíduos envolvidos em outras atividades ilegais, incluindo tráfico de pessoas, drogas e armas. Portanto, empregar ratos para combater o tráfico de vida selvagem pode ajudar na luta global contra redes que exploram humanos e a natureza”, completa Kate Webb, também coautora do estudo.