A segunda temporada da série “Rainhas Africanas” da Netflix mergulha fundo na história de uma das figuras mais icônicas da antiguidade: Cleópatra, a última faraó do Egito. Com a polêmica gerada pela escolha de uma atriz negra para interpretar Cleópatra, a série se tornou um ponto de partida para discussões sobre a verdadeira identidade étnica da lendária rainha e sua herança cultural. Mas quem foi realmente Cleópatra? E como sua história se entrelaça com o rico tecido da África antiga?
Cleópatra: Uma rainha além das fronteiras do tempo
Cleópatra VII Philopator, a última faraó da dinastia Ptolemaica, nasceu por volta de 69 a.C. e governou o Egito durante um dos períodos mais tumultuados de sua história. Filha de Ptolemeu XII Auleta, um general grego que assumiu o trono do Egito, e com origens maternas ainda discutidas entre os historiadores, Cleópatra foi uma figura notável não apenas por sua beleza lendária, mas também por sua inteligência, habilidades políticas e ambições.
Sua ascensão ao poder ocorreu em meio a disputas familiares e conflitos internacionais, principalmente com Roma, o grande império que estava em constante expansão na época. Cleópatra rapidamente se tornou uma figura central nas intrigas políticas do Mediterrâneo, primeiro aliando-se a Júlio César e, posteriormente, a Marco Antônio, em uma tentativa de garantir a independência de seu reino e expandir sua influência.
A Série “Rainha Cleópatra”
A série da Netflix busca oferecer uma nova perspectiva sobre Cleópatra, destacando aspectos de sua vida e reinado que muitas vezes são negligenciados. Através de reconstituições dramáticas e entrevistas com historiadores especializados, o público é levado a uma jornada pela vida da rainha egípcia, desde sua ascensão ao trono até seus relacionamentos tumultuados com os líderes romanos.
Um dos pontos de discussão mais importantes da série é a representação de Cleópatra por uma atriz negra, Adele James, levantando questões sobre sua verdadeira etnia e identidade cultural. Enquanto alguns argumentam que Cleópatra pertencia a uma família grega e, portanto, seria branca, outros apontam para a complexidade da identidade egípcia e a presença de influências multiculturais no antigo Egito.
A Controvérsia da escalação e as questões de identidade
A decisão de escalar uma atriz negra para interpretar Cleópatra gerou polêmica, especialmente no Egito, onde a etnia da rainha é frequentemente questionada. Historiadores e estudiosos há muito debatem a verdadeira origem étnica de Cleópatra, com teorias que variam desde sua ascendência grega até uma possível mistura de heranças étnicas.
No entanto, é importante reconhecer que a identidade étnica e racial na antiguidade não era tão definida como é hoje. O Egito antigo era uma sociedade multicultural, onde influências e interações entre diferentes povos eram comuns. Cleópatra, como governante do Egito, estava imersa nesse contexto multicultural, e sua própria identidade refletia essa diversidade.
À medida que a série Rainhas Africanas da Netflix nos transporta através do tempo e do espaço, explorando as vidas e os legados de figuras como Cleópatra e Nzinga, somos lembrados da riqueza e da diversidade da história africana. Essas mulheres extraordinárias desafiaram convenções, lutaram contra adversidades e deixaram um legado duradouro que continua a inspirar e fascinar o mundo moderno.
Portanto, enquanto debatemos sobre a representação de Cleópatra na tela e discutimos sua verdadeira identidade étnica, também devemos lembrar e celebrar as muitas outras rainhas africanas cujas histórias ainda estão sendo contadas e cujos feitos ainda ecoam através dos séculos.