quinta-feira, novembro 14, 2024
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Quem era Antonio Gritzbach, delator morto em Guarulhos

Um tiroteio deixou ao menos uma pessoa morta e outras três feridas no Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, na tarde desta sexta-feira, 8. A vítima fatal foi reconhecida como o corretor de imóveis Antonio Vinícius Lopes Gritzbach, 38 anos, jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).

Dois suspeitos foram detidos. Entre os bandidos, foi levantado que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator, segundo o jornal O Estado de S.Paulo. Gritzbach voltava de viagem com a namorada quando foi atacado a tiros.

Quatro suspeitos encapuzados desceram de um carro e dispararam na direção do empresário na área de desembarque do Terminal 2. Havia outro carro no apoio dos executores, que foi abandonado nas imediações do aeroporto.

Segundo o advogado Ivelson Salotto, os seguranças que aguardavam o casal no aeroporto seriam policiais militares de “extrema confiança” que faziam bico de seguranças para o delator.

Antonio foi acusado pela facção criminosa de ter desviado R$ 100 milhões da organização e ter ordenado as mortes do traficante Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e do motorista Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, em dezembro de 2021. Os valores teriam sido entregues pelo criminoso a Gritzbach para que fossem lavados em criptomoedas.

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Ligado ao tráfico internacional de drogas para a Europa, Cara Preta era acionista da empresa de ônibus UPBUs. Em apenas nove meses de 2020, ele movimentou R$ 160 milhões em contas bancárias, segundo relatório de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

O duplo homicídio teria sido cometido em parceria com o agente penitenciário David Moreira da Silva e Noé Alves Schaum, formalmente denunciado por ser o executor dos membros do PCC, foi assassinado em 16 de janeiro do ano passado. Com as mortes, o PCC chamou o corretor de imóveis para “conversar”.

Antonio Gritzbach sob cárcere privado

Em depoimento prestado às autoridades, Gritzbach descreveu ter ficado em poder da facção por nove horas durante o tribunal do crime. Ele foi liberado sob a promessa de que iria devolver a fortuna, mas foi preso. Ele ganhou liberdade condicional e passou a usar tornozeleira eletrônica em junho de 2023.

Dois meses depois, a defesa do homem ofereceu uma delação premiada ao Ministério Público. Em seus seis depoimentos, Gritzbach acusou dirigentes ligados a empresas de agentes de jogadores de futebol por lavarem dinheiro do PCC. Um dos envolvidos seria Danilo Lima de Oliveira, o Tripa, da Lion Soccer Sports, que seria um dos presentes no sequestro do corretor.

Segundo ele, Tripa era o mais violento entre os sequestradores, pois teria mandado o corretor ligar a familiares para se despedir e ameaçou esquartejar a vítima. A empresa da qual Danilo Oliveira é sócio agencia jogadores da Série A do Campeonato Brasileiro. O empresário também mencionou suspeitas de pagamento de propina à Polícia Civil na investigação da morte de Cara Preta.

Gritzbach já havia sido alvo de um atentado em dezembro do ano passado. Na noite de Natal, um tiro de fuzil foi disparado contra a sacada do apartamento onde morava, no no Jardim Anália Franco, bairro de alto padrão na zona leste de São Paulo, mas o autor errou o alvo.

Até o momento, pelo menos Portugal e Espanha teriam detectado a presença do PCC em suas penitenciárias | Foto: Reprodução/Twitter/X
O PCC é a maior facção criminosa do Brasil e já conta com membros no exterior | Foto: Reprodução/Twitter/X

“É uma situação em que ele [Gritzbach] estava exposto ali, vinha sendo ameaçado”, disse Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, em entrevista ao Brasil Urgente. Ivalda revelou que ele acreditava ser alvo de integrantes do crime organizado e que Gritzbach “sabia muita coisa do PCC e sabia onde estavam colocando esse dinheiro”.

No fim de agosto deste ano, Gritzbach foi alvo de operação da Polícia Civil contra lavagem de dinheiro, que tinha como alvos postos de combustíveis e empresas de logística. Na ocasião, os agentes visitaram endereços em Guarulhos e na zona leste da capital paulista, entre os quais da Porte Engenharia, empresa que Gritzbach já atuou como diretor.

Segundo a delação, foi por meio da empresa, uma das maiores construtoras da cidade, que Gritzbach conheceu membros da facção criminosa. A Porte é investigada pelo Ministério Público Estadual por suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas.

Via Revista Oeste

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