Além de Walter Delgatti Netto, a investigação que apura a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) envolveu outro hacker, Thiago Eliezer Martins Santos, que seria sócio de Delgatti.
A PF destaca o histórico do hacker no relatório final, com 1.521 páginas, ao qual a CNN teve acesso.
A investigação aponta que Eliezer, programador, foi preso, e responde à ação penal decorrente da Operação Spoofing, conhecida como “Vaza Jato”, relativa à divulgação de conversas entre procuradores e o então juiz Sergio Moro na época da Lava Jato.
Walter Delgatti, em depoimento, assumiu que inseriu no sistema do CNJ um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas apontou Santos como responsável por outros alvarás de soltura falsos de presos.
“WALTER DELGATTI NETO / VERMELHO, ouvido em Termo de Declarações, apesar de admitir a invasão no sistema do CNJ, nega a emissão dos alvarás / ordens de soltura. Acrescenta ele que passou a senha para THIAGO ELIEZER MARTINS SANTOS”, diz o relatório da PF.
A Polícia Federal, no entanto, não viu elementos para indiciar Santos. Segundo a defesa do hacker, ele colaborou com as investigações.
“Merece ser salientado que Thiago Eliezer Martins dos Santos se mostrou colaborativo com a equipe policial durante todo o cumprimento da medida, não opondo qualquer resistência aos atos de busca, tendo, inclusive, fornecido voluntariamente as senhas de acesso aos conteúdos dos dispositivos eletrônicos”, reforçou a PF.
Os advogados Luís Gustavo Delgado Barros e Fabrício Martins Chaves Lucas destacam, em nota, que o não indiciamento ocorreu “após uma meticulosa análise dos fatos e das evidências apresentadas”, e que “ficou evidente a inexistência de elementos suficientes para fundamentar qualquer acusação contra ele”.
“Além disso, gostaríamos de destacar que esta situação novamente evidencia a habilidade de Walter Delgatti Neto em enganar as autoridades, persuadindo-as a realizar buscas e apreensões equivocadas e interpretações de fatos desconexos com a realidade”, diz a nota.
“Este padrão já foi observado na Operação Spoofing, onde infelizmente o Judiciário e as autoridades se apegaram apenas ao calor das teorias. Porém, desta vez, a tentativa foi desmascarada”, conclui a defesa.
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