terça-feira, setembro 17, 2024
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Quem é o estudante que colocou Haddad na Times Square

Na tarde da terça-feira 16, um telão da empresa TSX na Times Square, em Nova York, foi tomado por uma montagem do ministro Fernando Hadadd caracterizado como “Taxa Humana”, um trocadilho em referência ao herói Tocha Humana, do Quarteto Fantástico. 

Por mais de 12 horas, muito se especulou sobre a autoria da façanha, visto que a empresa fornece o serviço de anúncios a partir de US$ 40 dólares para 15 segundos de exibição. No fim, o jovem Hugo Montan, de 19 anos, admitiu ser o responsável pela brincadeira que gerou uma explosão de publicações nas redes sociais.

O estudante se identifica como liberal, pretende cursar economia e teve a ideia depois de saber que o serviço de anúncios poderia ser adquirido por qualquer um. Assim, Hugo tomou a iniciativa de pagar US$ 45 (aproximadamente R$ 250, na cotação atual) e acréscimos de IOF para mostrar memes do “ministro Taxadd” ao mundo.

Estudante pagou R$ 250 reais para colocar 'ministro Taxadd' na Times Square | Foto: Reprodução/Acervo pessoal
Estudante pagou R$ 250 reais para colocar ‘ministro Taxadd’ na Times Square | Foto: Reprodução/Acervo pessoal
O meme que estampou o telão mostrava o pôster do filme fictício 'Taxa Humana', com direito a selo da Ancine | Foto: Reprodução/Acervo pessoal
O meme que estampou o telão mostrava o pôster do filme fictício ‘Taxa Humana’, com direito a selo da Ancine | Foto: Reprodução/Acervo pessoal

A ideia inicial era exibir uma coletânea de memes, que não foi aceita pela empresa. Então, Hugo editou o meme do “Taxa Humana” como um pôster de filme e conseguiu que a imagem fosse exibida.

Em entrevista a Oeste, o jovem contou que sempre teve interesse por política e se aprofundou em questões econômicas durante a pandemia de covid-19. Ele também disse que tem a valorização da individualidade e a diminuição da interferência do Estado como alguns de seus valores pessoais.

Quando perguntado sobre os economistas que admira, Hugo mencionou Henrique Meirelles, por seu trabalho no governo de Michel Temer; Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central; e Pérsio Arida, um dos idealizadores do Plano Real.

O estudante considera as políticas fiscais do governo Lula “péssimas”. Durante as eleições de 2022, ele tinha um pouco de “esperança” por causa do apoio de grandes financiadores, mas, com o tempo, a realidade se tornou outra.

“As políticas do atual governo são péssimas”, disse, em entrevista. “O governo foi eleito com fiadores econômicos de renome, o que me dava certa esperança de um futuro com expectativas ancoradas e sem uma incerteza generalizada. Gradualmente, a hipótese de um ‘Lula responsável’ foi se deteriorando, diante de um regime fiscal totalmente inconsistente no longo prazo (arcabouço). Sem corte de gastos, a única saída é a elevação da carga tributária, e o ‘puxadinho’ tributário promovido por Haddad recai justamente sobre a população. O Brasil tem uma carga tributária de país nórdico e serviços públicos no padrão bolivariano.”

Hugo acredita que o humor é uma boa maneira de criticar as novas medidas tributárias, mas acha que a campanha não deve focar apenas o ministro da Fazenda, pois o aumento dos tributos é uma bandeira do governo Lula. Para ele, Haddad é “o melhor economista do PT, e mesmo assim é péssimo”.

O estudante espera que, com a repercussão dos memes, os cidadãos percebam que é justo exigir do governo serviços de qualidade e que correspondam aos impostos pagos pelos contribuintes.

O que o PT pensa sobre os memes de Haddad

A alta cúpula do PT parece não ter chegado a um consenso sobre os memes com Haddad. Enquanto o secretário de comunicação, Jilmar Tatto, afirma que as brincadeiras “não vão pegar” e não ameaçam a imagem do ministro, a presidente Gleisi Hoffmann considera os memes “material de desinformação”.

“O que estão compartilhando sobre o ministro Fernando Haddad não é meme”, afirmou a presidente do PT, em seu perfil no Twitter/X. “É material de desinformação.”

A declaração foi feita na quarta-feira 17. Haddad é alvo de brincadeiras nas redes sociais pelo excesso de taxações durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As críticas se ampliaram depois da aprovação da “taxa das blusinhas” e da nova reforma tributária.

Gleisi diz que os “ataques” contra Haddad são uma prova de que a economia do Brasil está em fase de melhora. Ela afirmou que isso deixa a oposição “apavorada”.

Outras figuras ligadas ao governo Lula também expressaram descontentamento com as piadas. O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, deu a entender que os memes do ministro Fernando Haddad são financiados pelos “mais ricos”.

A manifestação de Messias também foi feita na quarta-feira, em seu perfil no Twitter/X.

Messias também disse que os mais pobres não financiariam a “fábrica de memes” nem sequer gastariam recursos “atacando quem os defende”. “Vamos aprofundar a justiça fiscal com firmeza e correção”, afirmou.

De acordo com um estudo da consultoria Arquimedes, as menções aos termos “taxa” e “imposto” nas redes sociais já somam 9 milhões. A contagem começou no início do ano.



Via Revista Oeste

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